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Edição Nº 39 - Fevereiro de 2012 - "Poetas Poesia II"






SOLIDÃO
Tomas Tranströmer




Um dos momentos mais emocionantes da cerimônia de entrega do Premio Nobel de 2011 foi quando a voz de Tranströmer, numa gravação, começou a recitar seu poema "Solidão", de seu livro "Tangidos e impressões", que foi lido em seis idiomas, entre eles o espanhol. A atriz espanhola que mora em Estocolmo, Antolina Gutiérrez do Castro, fez uma sentida e emocionante leitura da primeira parte de "Solidão", que foi interpretado também em sueco, romeno, árabe e chinês, para refletir a internacionalidade da poesia do Nobel, traduzido a mais de 50 línguas.



Tomas Gösta Tranströmer: Nasceu em 15 de abril de 1931 em Estocolmo. É um escritor sueco, poeta e tradutor, cuja poesia foi traduzida para mais de 60 idiomas. Tranströmer é aclamado como um dos mais importantes escritores escandinavos desde a Segunda Guerra Mundial. Seus poemas capturam os longos invernos suecos, o ritmo das estações e a beleza atmosférica da natureza. O trabalho de Tranströmer também é caracterizado por uma sensação de mistério e maravilha subjacente à rotina da vida cotidiana, uma qualidade que muitas vezes dá a seus poemas uma dimensão religiosa. Muitas vezes ele tem sido descrito como um poeta cristão. Tranströmer sofreu um acidente cerebral em 1990, que reduziu sua fala e a sua mobilidade. Foi premiado com o Prêmio Nobel de Literatura em 2011 .


Poema em sueco e na tradução para o espanhol de Sergio Badilla Castillo



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    Homenagem ao Poeta
    Tomas Tranströmer
    Premio Nobel de Literatura 2011


    A Revista Pandora Brasil oferece uma tradução
    para o português do poema Ensamhet (Solidão) de Tomas Tranströmer
    feita a partir da tradução feita do sueco para o espanhol por
    Sergio Badilla Castillo.


    SOLIDÃO

    Tomas Tranströmer



    Aqui estive na beira da morte uma noite de fevereiro.
    O carro patinou de custado no chão escorregadio foram
    o lado errado do caminho. Os carros que vinham -seus faróis –
    aproximaram-se demasiado.

    Meu nome, minhas filhas, meu trabalho
    se desarticularam e ficaram em silêncio atrás,
    cada vez mais distante. Eu era anônimo
    como um menino no pátio de recreio rodeado de inimigos.

    O transito em direção contrária tinha imensas luzes.
    Alumiaram-me enquanto eu manobrava e manobrava
    num temor transparente que boiava como clara de ovo.
    Os segundos aumentaram – tive lugar ali -se fizeram tão imensos como
    predios de hospital.

    Quase podia-se ficar
    e respirar por um tempo
    antes de ser esmagado.

    Depois surgiu um socorro: um grão de areia salvador
    ou uma rajada de vento. O auto foi
    e se arrastou rapidamente através do caminho.
    Um poste foi chocado e se quebrou - um retumbo agudo –
    Voou na escuridão.

    Até que se acalmou. Fiquei sentado em sossego
    e ví como alguém veio através da tempestade de neve
    para ver que tinha sido de mim.


    II

    Vaguei longo tempo
    pelos campos congelados da Gotlandia do Leste.
    Nenhum indivíduo tem estado à vista.
    Em outras partes do mundo
    há alguns que nascem, vivem, morrem
    num constante gentio.

    Estar sempre visível – vivo
    ante um enxame de olhos –
    deve dar uma expressão facial determinada.
    A cara coberta de barro.

    O murmúrio sobe e baixa
    enquanto se repartem entre eles
    o céu, as sombras, os grãos de areia.

    Tenho que estar só
    dez minutos pela manhã
    e dez minutos pela tarde.
    - Sem programação.


    (Traduzido do espanhol por Jorge Luis Gutiérrez
    a partir da tradução feita do sueco para o espanhol por
    Sergio Badilla Castillo.)

  • Poema em sueco e na tradução para o espanhol de Sergio Badilla Castillo






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