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"Poetas Poesia II" Homenagem a: |
POEMAS DO LIVRO VIAGEM TAL ESQUECIMENTO Bruno Ribeiro de Lima a cada passo uma viagem nova nos leva nós mesmos a lembrança no fundo no futuro meu do teu futuro * antigamente a palavra guardava os primórdios da lembrança a palavra saudade trazia nos espaços brancos de suas letras um imenso sussurro hoje quando vejo você ainda colada na parede o meu agora é para sempre antigamente * a paisagem de meus olhos desenha o meu corpo e a palavra a paisagem entre as minhas pernas escorrega pela pele pelos pés não existe nada de solitário na paisagem mas na passagem o vazio de meu corpo completa a paisagem * talvez soubesse talvez seríamos caso não houvesse a voz mas é tarde e já não ouço já não está aqui o canto noturno talvez desta vida passada a limpo no destino nessa vontade de se fazer presente * tocou-me e disse talvez na pele a cicatriz a nossa pele * não disse e não adianta dizer se for assim sem mim nada é feito * sentir sem sofrer o silêncio melodioso do erro murmúrio confuso gozo átono fissura do átomo * não tira e nada leva a lugar algum a palavra sabe na boca do outro guiar o corpo nosso para onde ela nos quer * o de menos em minhas mãos faz o que em tudo menos em dizer e talvez em talvez * órfão sem luz de minhas mãos eis o nosso caso suspiro solar inverno no alto em nosso hemisfério tudo gira e tudo recomeço * olhar não para ver tal qual mas deixar o olhar sair dos nossos olhos incompletos e deixá-lo nos passos lentos de um caminho o passo sem subir o pó o pensamento não se esvai isso não é mais então estrela poeira símbolo poema é paisagem isso visão corriqueira sem redenção sem presença sem isso ou aquilo visão não sei se fogo sem fronteiras deslize no escuro do escuro * sempre o mesmo depois as folhas em flores tais o assim rasgado antes do antes não disse como e ao longe ela caminha não estrada só em ruas eu talvez resquícios pequenas folhas simples palavras como sempre o mesmo sempre disperso sem fôlego talvez * não e depois veio como palavra após palavra e isso o início deixado atrás mas também aparece feito amor do outro lado a palma da mão dizendo somos nós o corpo a corpo a memória a busca não é sempre lá tal e qual e de repente do meio do quadro desloca-se a imagem o som a voz sem a nossa língua pra ti eu te falo eu escuto este como este meio o nosso fim * onde tudo existe é assim o deserto onde uma coisa branca é tudo além da coisa é a cor branca dizendo tudo é a coisa branca no deserto o pensamento fora da guerra a luz branda nossa em cada passo eu devo deixá-lo seguir o andar na pedra batida a poeira está além de nós é a paisagem é a memória deserto vazia presente em nós imensamente em cada passo em cada aspecto o teu rosto o teu passo é uma coisa branca assim acima de nós no meio de nós estar é deserto estar parado num grito tudo deixa de existir para ser apenas grito e vontade vontade minha essa coisa limite em que somos nós * eu vejo você longe não distante deslocada em seu canto sempre bela talvez ainda mais bela não porque a distância muda o olhar mas assim você é mais verdade é mais pureza sem poeira diria eu a nossa vida disse você se lembra e disse para afastarmos para um lado oposto cada um de nós mas hoje eu vejo você dentro da memória e o que era vida do lado de fora fez você dentro de um pensamento fora fronteiras sem limites nas quais não vivo e sinto é você eu sinto você mais na distância porém afaste agora este pensamento e serei inteiramente teu quando longe estivermos juntos outra hora uma vez juntos no mesmo horizonte onde a pele nossa se refaz * distante desta nova linha contrários um aqui outro mais ao lado logo abaixo a inocência celebrada o vazio desta linha onde tudo é coisa objeto som eu falo no silêncio em pele falsa o ruído este discurso graça desfeita o teu sorriso perde-se no erro no espaço branco você mora o teu rosto mora resto linguagem cenas paisagem trabalho e coisas surdez a voz do grito é nosso corpo esse sopro o meu ar no meio disso * eu passo sobretudo no estreito e fino espaço das mãos essa costura lenta a nossa pele pregada uma sobre a outra talvez eu seja talvez somos tal e qual ou semelhança embora seja o de menos a nossa linha de passagem preenchendo assim somos a boca em boca a língua na mesma língua * casa entre casas rio entre homens o tempo do outro lado nós mãos atadas à espera de mais uma viagem tal esquecimento |
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