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Edição Nº 39 - Fevereiro de 2012 - "Poetas Poesia II"






POEMA DE AMOR
Guillermo Juan Ibáñez




Guillermo Juan Ibáñez: Nasceu em Rosário, Argentina, em 1949. É editor da Revista de Poesia de Rosário. E autor de uma vasta obra poética.

Sobre Guillermo Juan Ibáñez e livros

Original español de Poema de Amor

Revista de Poesía de Rosário



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Poetas Edição Nº 39
"Poetas Poesia II"

  • Luiz Camilo Lafalce
  • Guillermo Juan Ibáñez
  • Jorge Luis Gutiérrez
  • Raquel Naveira
  • Bruno Ribeiro de Lima
  • Guilherme Rocha Braga
  • Marilia Mello Pisani
  • Ângela Zamora


  • Homenagem a:
  • Tomas Tranströmer
  • Nicanor Parra
  •  
      Poema de amor

      Guillermo Juan Ibáñez




      I

      Por você que é
      como brisa de meio-dia
      companhia de violão
      silêncio de ocaso
      como culminação de rito sagrado
      constelação que abrange o universo
      sombra e água para o caminhante do deserto
      vestal nos corredores do inferno
      anjo entre as nuvens do céu
      que é como um pequeno rio
      sem profundidades nem turbulências
      fugaz na presença da pele
      eviterna em todas as memórias
      ainda naquela de minha morte
      e caminho inaugural da esperança,



      II

      Por você com suspiros de último adeus
      ligeireza de ave e passo de pontas de pés
      olhar de simpatia e de felino
      à beira de abalançar-se sobre sua presa
      com sonhos de pássaros e paisagens
      tremor de pele vibrátil e sensível
      espaço para o mundo no coração
      e acordar de carícias sobre todos
      com corpo de ninfa no ar
      olhar de amanhecer eterno
      música de piano em salão barroco
      e movimentos de dança como figura de Degas
      com mãos de vento, de ternura, de refúgio
      com destino de água
      no côncavo das mãos de um sedento,


      III

      com olhos como ilusão de oásis
      na desesperança dos anos
      olhos de chamas vorazes
      quando iluminas o quarto
      e te derramas para minha espera
      quando me atraes com seu brilho
      e me fechas em teu nome
      olhos como labirintos nos que me interno
      mesmo sabendo que nenhuma Ariadna
      ficou com um novelo para o regresso
      porque perder-se em você
      é como se encontrar a si mesmo
      nessa instância suprema
      que alguma vez na vida
      oferece-nos o amor,


      IV

      Com sexo de gozo e de tormento
      sexo de crepúsculo e averno
      onde possa extraviar-se
      esse caminhante inominado de meus dias
      sexo de périplo desconhecido
      onde possa ser
      o novo argonauta
      com minha nave palpitante
      sexo memorável
      no presídio do olvido
      sexo de elegia depois de devorar-me
      como sexo de flor e de loucura
      com sexo de frágua perfeita
      para procriar
      um novo humano sem angústias,

       

      V

       

      Com voz de ressonância
      nos níveis do ar
      voz de calma e de arrulho
      voz de brisa
      entre as folhas das árvores
      voz de sussurro
      no vácuo da espera
      voz de confissão e de prece
      voz de água
      contra as rochas da beira
      com voz de grito de liberdade
      no exílio da palavra
      e com silêncio
      de encadeada amante
      a quem te ama,


      VI

      Com corpo de gaivota
      deitada sobre o vento
      corpo de Vênus
      enfunado como um velame
      corpo de espuma
      escorregado suavemente pela areia
      corpo com sinais de unhas
      e desespero
      com marcas de mãos
      aferradas à realidade de tua forma
      com corpo de mistérios ocultos
      e de pedra angular da vida
      com corpo de nascimento e de fruto
      com corpo de eterno furor
      nas mãos de minha primeira demência.







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