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"Poetas Poesia II" Homenagem a: |
INEXPRIMÍVEL Ângela Zamora Cilento Há em mim Um novo hóspede Talvez um anjo Talvez não. Há em mim Um turbilhão De sentimentos Sem nome Vagando no meu coração. Que inundam meus olhos de lágrimas Que provocam desesperos imensos Grandes tempestades Maré alta no plúmbeo céu. Horizontes inexpressos Quadros revoltos Deste hóspede que se chama solidão. O QUE É TRÁGICO NA PAIXÃO (Para A.G. nestas férias) O que é trágico na paixão É conviver Com o inebriamento E, ao mesmo tempo, Com o terror Do possível esquecimento. Mares de delícias: Para enfim, perder a concentração. Ter a sensação De que qualquer outra Coisa, irrelevante. É estar atento A apenas um olhar Entre outros tantos no mundo. Entre tantas bocas, Somente aquela. Entre milhares de corpos, Apenas um. Entre possíveis desejos Somente o seu Interessa. Não há como livrar-se. Nem esquivar-se: Inevitável sofrimento. Trágico: não poder Estar em outro lugar; Nem viver uma vida outra Nem ser um outro alguém Para lhe ofertar. Cadê a saída? Sem deslocamentos, Paralelos ou alteridades. Fico no meio do caminho: Não vou e não deixo ir. Trágica é a subserviência, à espera do despertar Da sua paixão e da sua presença. Refém De uma vontade que não é só minha. Cativo Anseio libertar-me E, ao mesmo tempo, Descubro que a felicidade Reside em estar preso. Por que do encontro destas águas Tão profundas Surgem gotas iluminadas De pura luz. CHOCOLATE COM LICOR: COISAS DE MENINA (Para A.G.) Eu quero que você se lembre sempre Do que nós somos para nós dois O que lhe entrego é tão doce Um chocolate de cerejas ao licor. Assim deve ser nosso amor: Açucarado com mimos e beijinhos Repleto de minutos roubados De horas inventadas, extorquidas A Duros Passos. Quero a espessura da cereja Como se me mordesse de fato. O gosto do licor encharcando os teus lábios Verdadeira água na boca – metáfora deste desejo insensato. De consumir tudo de modo imediato. Olhos salivantes, pelos eriçados Sob uma lua fulgurante Na tempestade, ou na lua cheia... E porque muito doce Presa fácil Você degusta vorazmente Na tentativa de perder o compasso Mas o que eu amo em nós Neste precioso momento É o manjar dos desesperados. |
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