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"Poetas Poesia II" Homenagem a: |
Nicanor Parra Premio Cervantes 2011 A Revista Pandora Brasil oferece uma tradução para o português do poema de Nicanor Parra Es Olvido. É ESQUECIMENTO Nicanor Parra Juro que nem lembro o nome dela Mas vou morrer chamando-a María, Não por simples teimosia de poeta: Por seu aspecto de praza do interior. Tempos aqueles!, eu um espantalho, Ela uma jovem pálida e sombria. Ao voltar uma tarde do Liceu Soube da sua morte imerecida, Nova que me causou tal decepção Que derramei uma lágrima ao ouví-la. Uma lágrima, sim, quem o cresse! E isso que sou pessoa de energia. Se tenho de conceder crédito ao falado Pelas pessoas que trouxeram a notícia Devo acreditar, sem hesitar um ponto, Que morreu com meu nome nas pupilas. Fato que me surpreende, porque nunca Foi para mim outra coisa que uma amiga. Nunca tive com ela mais do que simples Relações de estrita cortesia, Nada mais que palavras e palavras E uma que outra menção de andorinhas. A conheci em meu povo (de meu povo Só fica um punhado de cinzas), Mas jamais vi nela outro destino Do que o de uma jovem triste e pensativa Tanto foi assim do que até cheguei a tratá-la Com o celeste nome de María, Circunstância que prova claramente A exatidão central de minha doutrina. Pode ser que uma vez a tenha beijado, Quem é o que não beija a suas amigas! Mas tende presente que o fiz Sem dar-me conta bem do que fazia. Não negarei, isso sim, que me agradava Sua imaterial e incerta companhia Que era como o espírito sereno Que às flores domésticas anima. Eu não posso ocultar de nenhum modo A importância que teve seu sorriso Nem desvirtuar o favorável influxo Que até nas mesmas pedras exercia. Acrescentemos, ainda, que da noite Foram seus olhos fonte fidedigna. Mas, apesar de tudo, é necessário Que compreendam que eu não a amava Senão com esse incerto sentimento Com que a um parente enfermo se designa. No obstante sucede, no obstante, O que a esta data ainda me maravilha, Esse inacreditável e singular exemplo De morrer com meu nome nas pupilas, Ela, múltipla rosa imaculada, Ela que era uma lâmpada legítima. Tem razão, muita razão, as pessoas Que se passam queixando noite e dia De que o mundo traiçoeiro em que vivemos Vale menos do que roda que parou: Bem mais honorável é uma tumulo, Vale mais uma folha escarnecida. Nada é verdade, aqui nada perdura, Nem a cor do cristal com que se olha. Hoje é um dia azul de primavera, Acho que vou morrer de poesia, Dessa famosa jovem melancólica Não recordação nem o nome que tinha. Só sei que passou por este mundo Como uma pomba fugitiva: Esqueci-a sem querê-lo, lentamente, Como todas as coisas da vida (Traduzido do espanhol por: Jorge Luis Gutiérrez) |
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