Joice Soares: É aluna do Curso de Filosofia da Universidade Mackenzie.





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Índice dos poemas


Poemas

                                            Joice Soares



O prazer de tua presença...

O prazer de tua presença...
É uma sensação indizível
Um torpor que me suspende no tempo
E reduz todo o universo ao romper do silêncio pela sua voz.
Não quero me apartar.
Quero sorver cada palavra que sai da tua boca,
Quero exalar cada partícula de perfume
que se desprende do teu corpo no ar.
Quero cair e me ver irremediavelmente perdida
no buraco negro dos teus olhos.
Mas não quero te tocar.
Não poderia macular este teu invólucro de anjo.
Quero apenas poder olhar, infinitamente,
Até que o púrpura dos teus cabelos cegue meus olhos
e eu possa morrer em mim,
Tendo a tua imagem divina como a primeira,
a última e única.


Não há no mundo

                                                            Não há no mundo
                                                        Nem palavra que traduza
                                                    Nem medida que mensure
                                                Nem ninguém que testemunhe
                                            Nem remédio que cure
                                        Nem loucura que justifique
                                    Nem sanidade que resista
                                Nem gesto que transmita
                            Nem alegria que supere
                        Nem mente que compreenda
                    Nem rima que caiba
                Nem som que poetize
            Nem força que suporte
        Nem indiferença que mate
    Nem valor que proíba
Aquilo que você me faz sentir.


Uma voz doce e quieta como a água do regato

Uma voz doce e quieta como a água do regato
Ora tem a força de muitas correntezas
Quando não me eleva aos sonhos em suas sutilezas
Expõe-me ao ridículo, ao desacato

Um olhar que me olha por vezes terno
Que me perscruta e me fulmina quando em minha direção
E não fosse o alívio da interrupção
Veria ao fundo de mim meu abismo, meu inferno

18/04/12


Eu rio do sol

Eu rio do sol
E de como ele mendiga seu brilho
Eu rio das estrelas
E de como elas dependem da luz do sol
Seu brilho é falso
E elas mesmo, uma ilusão
Eu rio do mar
Rio de tudo
De tudo o que não tem sentido
E rio porque estas coisas não me dizem nada
E se as uso em minhas poesias é para descrevê-la
Como um sol que me surpreende numa manhã de outono
Como uma estrela...a mais distante que meus olhos alcançam
Como um mar em mim
Que passa sem pedir licença
Que arrasta tudo que encontra
Que é pura vida em movimento
E que deixa na praia só a areia das contendas
E seu cheiro tão particular

27/06/12


Mais indizível que tua presença é a tua falta

Mais indizível que tua presença é a tua falta
E a vida perde toda a graça
Só agora percebo que o tempo passou
que é inverno
e que levará muito tempo até que minha primavera chegue

27/06/12


Paixão passa...

Paixão passa...

Que passa eu sei que passa
Só não sei quanto tempo há de durar
Não passa qual garoa na vidraça
Não dura tanto quanto se poderia desejar

Não é nada! – Tento me convencer
E me sinto às vezes tentada a acreditar
Mas vejo toda minha certeza ceder
Ante ao momento em que te vejo passar

Tenho a culpa dos que querem o proibido
Mesmo que a boca negue, a alma consente
E nisso não me posso ter iludido
Porque sei que ninguém quer impunemente

Mas o querer passa...

Sei que não passa com a presença
Quisera passasse com a distância!
Mas só faz crescer essa doença
Pouco importa minha vigilância

E a vida se resume a isso
Um semestre, um ano talvez
E logo só verei o resquício
Do que me fez pulsar uma vez

Sei que paixão é fadada a morrer
E não quero acrescentá-la de nenhum pesar
Enquanto não morre, deixa-me viver
Esperando que um anjo me venha beijar




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