Poema

                                            Bruno Ribeiro de Lima

longe
estrada nos
levando a lugares
mas a viagem é além é
mais abaixo
no subsolo renasço e
das palavras poucas faço você
a base maciça do não
lugar comum

*

uma única voz e
porque
diálogo no excesso como
se antes fosse hoje
mãos adolescentes
escorregando reaparecendo
nos olhos semi
fechados do outro você
está tão longe mas
aqui o tempo
somos nós

*

repetir a mesma imagem
o como o sempre
fragmentos solitários falhas
fissuras de
uma só necessidade
coisa inútil coisa
branca
escalando o mesmo muro
eu faço o muro eu
teço o branco
e caio
livre
no ponto recomeço

*

sem ar
o gesto
só
até ficar difuso o
reflexo teu

*

que seja
último mas
sempre um
passo mais um desconhecido
o caminho no escuro vendo longe
a dois palmos o
passo último

*

inteiramente completa e nada é mesmo mais

*

por isso prolongo já
que infinito
não pode ser palavras sem
confiança em palavras não
no final o não nome
é a frase quem última
nos salva

*

do mesmo tamanho
todos ou quase
formando
um só e

o mesmo

*