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Edição Especial Nº 6
Maio de 2011
ISSN 2175-3318
"O insólito e suas fronteiras"
Apresentação
Profª Drª Aurora Gedra Ruiz Alvarez
Imagem da capa:
Reprodução da obra Der große Rote Drache und die Frau, mit der Sonne bekleidet / O grande dragão vermelho e a mulher vestida de sol (1805-1810). Aquarela de 40 × 32,5 cm, de William Blake. Encontra-se na National Gallery of Art, Washington (EUA), e está em domínio público. Reprodução aprovada para finalidades culturais segundo a licença disponível em:
Licença imagem .
Como definir os aconte- cimentos insólitos de uma narrativa? Pertencem eles ao domínio do sobrenatural, do fantástico, do maravilhoso, do estranho, do realismo mágico, do realismo maravilhoso, do neofantástico? Há muitas formas de nomear as realidades que manifestam acontecimentos singulares, que desbordam da rotina das personagens. Não bastasse a pluralidade tipológica que distingue uma manifestação insólita, esta ainda pode abrigar outros matizes: o trágico, com a adição e/ou a supressão do grotesco, do sublime, do horror, do duplo, entrelaçando-se, ainda, com outras ocorrências.
A complexidade dessa temática tanto tem concorrido para o surgimento de uma vasta produção ficcional sobre esses temas, quanto resultado em um aprofundado exame do assunto. Na Psicanálise, os estudos seminais de Otto Rank, O duplo (1914) e do artigo de Sigmund Freud O estranho (1919), oferecem os fundamentos teóricos sobre a questão tratada não apenas no âmbito desta ciência, mas também no da literatura. Nesta última esfera, área de nosso interesse, estes estudos fornecem as bases quer para a exploração de diferentes investigações sobre as nuances de sentimentos que assumem dimensões extraordinárias na vivência emocional das personagens, quer para a criação de técnicas de construção narrativa. Esta complexidade da matéria torna-se argumento para muitos pesquisadores, como Todorov, que defendem a ideia de que não há gêneros puros. Em Introdução à narrativa fantástica, comenta o estudioso que esta narrativa se interpenetra ou se deixa cruzar por outras formas narrativas. Por extensão, a mesma hibridização ocorre nas outras manifestações do insólito apontadas acima.
Nesta edição, teremos a oportunidade de acompanhar reflexões instigantes sobre a tipologia dessas narrativas. Muitos especialistas do assunto recusam-se a classificá-las como gêneros, como Davi Roas e Remo Ceserani, por exemplo, por considerarem essas produções estéticas como modos de construção narrativa. Como se vê, o problema sobre as expressões do insólito e seus desdobramentos e fronteiras é bastante intrincado, pelo fato de a recente produção cultural ter revitalizado os elementos dessa tradição artístico-literária com novos conteúdos culturais e novas formas de tratar essa temática, como podem ser encontradas em E. T. A. Hoffmann, Edgar Allan Poe, Théophile Gautier, Franz Kafka, Jorge Luis Borges, Julio Cortázar, Italo Calvino, Guimarães Rosa, Murilo Rubião, dentre outros. Não pretendemos, aqui, solucionar a questão, mas brindar o leitor com estudos acurados sobre a temática que lhe proporcionarão o prazer da leitura.
Boa leitura!
Profª Drª Lílian Lopondo
Coordenadoras Acadêmicas da Edição Especial Nº 6
Revista Pandora Brasil
Esta edição teve a coordenação editorial de Maria Carolina Bottura
Imagem disponível em:
Imagem. Acesso em: 11 mai. 2011.
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