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Revista Pandora Brasil
Nº 59 Outubro de 2013
ISSN 2175-3318
“Filosofia Patrística e Medieval”

Apresentação

Qual é a relação entre Sócrates e Moisés? O primeiro representa a lógica que fundamenta qualquer reflexão filosófica do ocidente, até mesmo a mais moderna da época presente; e o segundo, a base do discurso bíblico judaico-cristão. Defender a atualidade de uma filosofia patrística e medieval significa levar em consideração as relações entre fé e razão, pois se essas buscam a verdade, elas precisam ter um discurso articulado e congruente, sem contradições entre si. E é isso que torna possível a perenidade milenar de uma filosofia cristã que remonta ininterruptamente ao tempo dos apóstolos. Apologistas (do século II), em especial Justino de Roma; representantes da escola de Alexandria (do século III), particularmente Clemente; importantes pensadores do período patrístico, tais como Agostinho e Gregório de Nissa (do século IV e V); e o grande gênio da filosofia medieval, Tomás de Aquino (do século XIII), foram mestres em utilizar as categorias mentais dos dois grandes “pilares” da filosofia ocidental (Platão e Aristóteles), para elaborar racionalmente um discurso cristão, haja vista a necessidade contínua de explicar e justificar a fé (cf. 1 Pd, 3, 15).
As filosofias relativistas modernas apregoam uma ruptura daquilo que Vitttorio Possenti chamou de aliança socrático-mosaica, porque Sócrates buscava a verdade e Moisés introduziu as ideias de verdadeiro-falso e de um único Deus verdadeiro. Mas seria o cristianismo apenas uma religião caracterizada por um culto piedoso e obediente, portadora de uma mensagem externa ao âmbito da verdade, cuja razão não teria acesso a Deus? A separação entre fé e razão em torno da ideia de verdade possibilita o surgimento de uma ética muito frágil, justamente pelo fato dessa ser depurada de qualquer origem metafísica. Mas seria possível uma ética não fundamentada no Ser? Possenti diz que “a ética sem ontologia é na verdade uma ética sem antropologia, circundada de um notável silêncio antropológico”.
Acreditamos que a união entre a filosofia e o discurso bíblico não deve se estender apenas entre o período do cristianismo primitivo e a época de Tomás de Aquino. Por isso, convidamos o leitor a refletir sobre a beleza e a atualidade da filosofia do ser, lendo um pouco do pensamento de Clemente de Alexandria, Gregório de Nissa, Agostinho, Tomás de Aquino, e Duns Scotus, que apresentamos nesta edição da Revista Pandora Brasil.

Boa leitura a todos!

Ms. Rogério de Paula e Silva
Especialista em Filosofia Patrística e Escolástica, Faculdade de São Bento,SP.
Mestrando em Filosofia, área de Metafísica, Ciência e Linguagem.
Universidade Federal de São Paulo.
Coordenador da Edição nº 59.
Contato:rogiesu@gmail.com

Revista Pandora Brasil Nº 59 Outubro de 2013
“Filosofia Patrística e Medieval”




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