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Intencionalidade e criatividade: uma perspectiva da ação docente.

Carol Woichkoski dos Reis
Érica Silva Lima
Fernanda Coutinho de Abreu
Fernanda da Silva França


Sabe-se que atualmente encontramo-nos em uma sociedade na qual a busca por pessoas criativas, capazes de resolver situações adversas que demandam saídas inovadoras, é crescente; sendo exigido cada vez mais dos profissionais esse perfil.

Na escola, este cenário não é diferente, pois as práticas educativas estão sempre sujeitas a mudanças e a fatores de imprevisibilidade.

No final da tarde de domingo, a professora Helena estava em sua casa planejando a aula que seria ministrada à primeira série no dia seguinte. Era o seu primeiro dia de aula com aquela turma e tudo o que havia planejado era com base em suas experiências já vivenciadas anteriormente.

Logo no início do dia, após as devidas apresentações, a professora deu início à primeira atividade, que havia sido previamente planejada, e percebeu que o objetivo da proposta não estava sendo atingido conforme o previsto.

A aula que tratava sobre o gênero poético requeria das crianças um conhecimento prévio acerca das características deste gênero, o que os alunos ainda não dominavam, necessitando que a professora adequasse os conteúdos às especificidades daquele grupo.

O caso relatado acima evidencia uma situação cotidiana do âmbito escolar, no qual as características presentes na ação educativa ocorrem concomitantemente caracterizando cada ato pedagógico como sendo único.

Sendo assim, vale ressaltar as características da ação educativa, que podem ser:

• Imprevisível – não se pode saber qual será o seu fim, ou seja, por mais que se planejem, circunstâncias adversas poderão mudar o rumo da ação;
• Incerta – não se pode ter certeza que, o que se planejou de fato ocorrerá como o previsto;
• Aberta – o contexto em que a ação está inserida não é neutro, portanto não há regras fixas, há sempre alternativas possíveis;
• Criadora – deve estar sempre presente nas práticas pedagógicas, especialmente nos momentos em que ocorrem os imprevistos, pois é quando a criatividade deve ser colocada em prática.

Abordando as características da ação educativa pretendemos evidenciar que não só os professores, mas todos os profissionais, devem ter clareza que ao se propor a realizar uma determinada ação, esta pode não ocorrer da maneira como foi planejada.

Portanto, pode-se dizer que toda ação decorre da intenção de quem age, podendo este percurso ser alterado em decorrência das interações sociais.

Para Cruz (1995 apud Sacristan, 1999) somente o comportamento voluntário com intenções merecem propriamente o nome de ação. É inerente a esta intenção o fato de estar guiada pelo interesse de conseguir algo, a satisfação de determinadas necessidades, sua orientação pelas emoções. (...) As ações conscientes servem à realização de desejos, de finalidades, de objetivos, de interesses, de motivações que nos levam a agir, à vontade. A ação é aquilo, dentre tudo o que ocorre, que aparece respaldado por uma intenção, o que introduz uma mudança essencial qualitativa na esfera do real ocupada pelo homem. (p. 33)

Neste sentido, pode-se dizer que a intenção é condição para uma ação, é a força que nos motiva a fazer algo, sendo assim cada indivíduo tem intenções diferentes que são pautadas pelas experiências de vida, bem como pelo meio que o cerca.

Por fim, diante dos conceitos abordados no decorrer deste trabalho, percebe-se que a ação educativa, longe de ser simples, está implicitamente ligada aos desejos e motivações subjetivos do autor, motivações estas que advêm de suas crenças e conhecimentos. Entretanto, durante a execução da ação, esta pode ser modificada, ou seja, ter sua finalidade alterada diante das intervenções externas.

Sendo assim, toda ação requer um planejamento, que é aberto a possíveis alterações, ocasionando a imprevisibilidade e gerando a incerteza, já que, a qualquer momento, o percurso projetado pode ser modificado, implicando na necessidade do uso da criatividade do profissional, sendo esta entendida como a capacidade de desestruturar a realidade e reestruturá-la de outras maneiras.

Logo, nota-se que a criatividade é indispensável para toda e qualquer ação, cabendo a cada indivíduo ser flexível e inovador em suas práticas, como afirma Sacristan (1999), ao abordar as características da ação educativa.

Referências:

SACRISTAN, J. G. Poderes instáveis em educação. (Trad. de Beatriz Affonso Neves). Porto Alegre: Artes Médicas, 1999, 287p.


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