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AULA DOS SONHOS:
"TUDO VALE A PENA SE ALMA NÃO É PEQUENA..."


Ranny Cabrera

É difícil definir como seria uma “aula dos sonhos”. Mais difícil seria colocá-la dentro de um planejamento bem demarcado, com série, conteúdo e métodos pré-estabelecidos.

Sendo assim, partimos do pressuposto, que uma aula é por excelência a relação entre professor e aluno, pela qual se chega ao processo de ensino-aprendizagem. Logo, daremos ênfase a alguns elementos essenciais para que tal processo obtenha êxito, pois dar uma aula, cujos resultados são alcançados, sem dúvida alguma, é o sonho de qualquer professor.

A “aula dos sonhos” não pressupõe um modelo ideal de aluno ou de escola, pois independente das dificuldades sócio-econômicas que, porventura, os envolvam, seu objetivo é realizar a trajetória educativa de forma eficaz.

No entanto, é importante ressaltar as características do professor, uma vez que é o educador quem ministra e planeja os conteúdos aplicados; é o indivíduo que dirá como a aula será e quais os recursos serão utilizados, quais os objetivos almejados, sobretudo, é ele quem terá a responsabilidade de educar e formar os alunos... Ou não!

Ora, não basta lamentarmos pelos inúmeros empecilhos que nos impedem de dar aulas dos sonhos! Há uma necessidade de envolvimento pessoal, pois do contrário colocaremos toda responsabilidade no fracasso dos projetos governamentais voltados a Educação.

Por conseguinte, uma aula para ser ideal necessita de um docente, cujas capacidades não se limitem a conhecimentos meramente acadêmicos. É primordial que ele tenha comprometimento pessoal, o qual requer disposição e audácia, dedicação e criatividade, maleabilidade e compreensão, uma vez que surgirão as mais diversas circunstâncias, imprevisíveis até mesmo, nos planos e projetos de ensino mais cuidadosamente preparados.

Mas, antes de tudo, esse professor deve ter paixão, visto que somente a paixão é capaz de transpor as barreiras imensuráveis da indisciplina e da indiferença tão constantes, atualmente, no horizonte educacional.

Com tal “definição”, o professor ideal seria capaz de direcionar seus alunos através de aulas dinâmicas e acessíveis, pelas quais os indivíduos interagissem entre si para descobrirem as várias faces do conhecimento, por si próprios, isto é, os conhecimentos técnicos e sistemáticos, mas principalmente o aprender a admirar-se, a observar a vida de forma a aproveitar as experiências advindas dela.

A aula dos sonhos poderia ser exemplificada pelo mito da Caverna de Platão, em que o filósofo, nesse caso o professor, ajudaria àqueles que estivessem acorrentados no interior da caverna, os alunos presos pelas correntes repressoras da conformidade, a descobrirem uma saída, dando-os a oportunidade de enxergar as luzes, e por que não as sombras, da sabedoria. E, claro, se o professor souber ser esse guia filósofo, não há dúvidas que verá, como conseqüência de seus esforços, alunos, conscientes e cheios de perspectivas, prontos para trilharem seus próprios caminhos.

Portanto, a aula dos sonhos é estimulante e envolvente; ela motiva o aluno, mostrando-lhe que em meio às sombras há um raio de esperança, com o qual podemos modificar muito do que nos envolve na realidade. A aula dos sonhos parte de uma dúvida angustiante, da incerteza inquietante, e nos impulsiona à busca de um verdadeiro significado da vida, uma vez que sem tal significado construído individualmente por meio da reflexão, nossa vivência estaria fadada à mera repetição de opiniões vazias e inconsistentes.

Muitos se questionarão, todavia, se tal aula é passível de realidade. Para além de qualquer resposta, vale lembrar que não há fórmulas mágicas que estabeleçam como promover uma aula dos sonhos. No entanto, é imprescindível sonharmos, uma vez que a aula ideal traz consigo a possibilidade de transformação, traz, sobretudo, a possibilidade de construirmos uma existência mais autêntica mais significativa, para, assim, podermos edificar na utopia um porvir melhor, mais consciente, mais criativo, mais humano...

Mas vale a pena sonhar com tamanha utopia? - Como diria o sábio poeta português: “Tudo vale a pena se alma não é pequena...”.





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