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A AULA PERFEITA

Gyorgy Laszlo G. Filho

Muito tempo pensei na proposta dada em aula. Sentado em frente ao computador, ora com café, ora com cigarros, nada me vinha à mente. Tentava imaginar uma aula perfeita, mas para isso tinha que me imaginar como um professor perfeito...

Após horas e mais horas, a única conclusão que me apareceu era a de que as expectativas estão sempre nos outros, ela é sempre objetividade, assim sendo, não poderia falar de um ideal, de um sonho, em primeira pessoa, colocando o Eu como agente. Sou defeituoso, imperfeito. Nada que se passa pelo pensamento, pela Minha subjetividade, pode ser um ideal, uma quimera.

Agora tudo estava mais fácil, em instantes consegui visualizar a aula que este ser, que este outro, que não eu, faria: poderia ser feita frente a um espelho –como sou eu quem falo, não posso ter certeza de onde o outro, o que realiza a aula perfeita, dá-la-ia. Seus ensinamentos percorreriam sobre a importância do Outro, sobre como este Ser, que não é, nem Minha extensão, nem Meu próprio Eu, limita-Me, descreve-Me, ignora-Me.

Para se dar essa aula, provavelmente, aquele professor ideal não usaria a fala, pois ela é somente interpretação, e, por conseguinte, o que se ouve, interpretação da interpretação. Tudo seria passado com o olhar, com o olhar que nada fala, com o olhar que ‘nadifica’.

Tal professor mostraria o poder da cegueira: os olhos que nada vêem, são olhos puros, pois não se submetem ao sujo trabalho da ‘consciência’. São olhos que enxergam a Natureza pelo Seu próprio olhar, um olhar que ignora tudo e todos, e, principalmente, se ‘auto-ignora’. (Tudo isso é complexo demais para que eu, que nada sou frente ao outro, ao professor ideal, consiga explicar de forma clara).

A duração dessa aula, eu, ser sujo, jamais conseguiria saber. Talvez fosse tão lenta quanto uma contração do miocárdio, talvez fosse tão rápido quanto à evolução natural da espécie humana.

Poder-se-ia dizer que eu esteja completamente errado, não sei, e jamais saberei!



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