"Estética e Filosofia Primeira"

Edição Nº 99 - Março de 2019


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Apresentação


O tema deste número 99 da Revista Pandora Brasil - Revista de humanidades e de criatividade filosófica e literária é estética e filosofia primeira. Este tema reúne um conjunto de dez artigos de alunos dos cursos de filosofia de três cursos de filosofia. A grande maioria dos textos possui uma ou ambas destas características: são partes da pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso dos seus autores e/ou foram apresentados na VII Semana acadêmica promovida pelo curso de filosofia da UESB e realizada nos dias 15 a 19 de outubro de 2018.
Publicar estes artigos é uma forma de incentivar os alunos dos nossos cursos no processo de formação acadêmica. Sempre que posso realizo esse tipo de empreendimento, quer seja no contexto da avaliação das disciplinas que leciono, quer seja no contexto da orientação acadêmica, tendo em vista a escrita do TCC. Fica implícito está o fato de que os alunos aprendem escrever e estudar ao mesmo tempo e de modo simultâneo no processo de escrita. Bem orientados e com alguma exigência a mais – para além daquela exigência básica para obter nota e passar em uma disciplina acadêmica – é possível levá-los a esta conquista: a produção de um texto acadêmico, com forma acadêmica e conteúdo adequado com o seu estágio de leitura e amadurecimento acadêmico.
A temática da presente edição é uma junção de interesses pessoais que eu cultivo e também reflete o tema das disciplinas que leciono. Mas, para além desta justificativa externa, há uma ligação profundamente filosófica. É conhecida a grande separação entre a estética e a metafísica, sobretudo na modernidade, no contexto de nascimento das disciplinas filosóficas específicas. No início, com os primeiros pensadores – erroneamente chamados de pré-socráticos –, esta distinção não é freqüente. No período de nascimento da reflexão filosófica, a pergunta pela razão última (pela arché, pela origem...) não visava o inteligível e sim o sensível. Encontrar a explicação última de tudo era o mesmo que encontrar um elemento comum a toda a natureza, incluindo aí os deuses.
Com o passar do tempo, com o advento das especializações, cada área de conhecimento tornou-se autônoma e ganhou status de ciência específica. O leitor interessado vai encontrar, no presente volume, uma gama enorme de temas e problemas que se tornaram centrais para a tradição ocidental. Iniciando por uma discussão sobre a origem da poesia e do trágico na Grécia clássica, predominantemente a partir da contribuição de Platão, o volume segue tratando de temas caros à dupla exigência filosófica: apresentação de temas caros a filosofia teórica mesclada com a discussão de assuntos caros à filosofia prática.
O volume chega ao fim – após uma longa discussão sobre metafísica e moral, liberdade e verdade, liberdade e determinismo... –, desaguando em uma discussão sobre o sentido da existência a partir do seu ponto de vista estético, com Cioran. Com este último texto o ponto de partida da pergunta retoma o seu lugar origem, ou seja, o ponto de vista natural, sensível..., para criticar as construções abstratas da tradição sobre o fenômeno da vida, da morte, do suicídio.
Caro leitor, se você é um daqueles que não abre mão da sensibilidade e da vida efêmera – como parece ser toda a vida sobre a terra –, o que você acha das nossas antigas e requentadas (supostamente novas) abstrações metafísicas? Se você é um daqueles que tudo responde a partir do ponto de vista da eternidade, como você valora a sensibilidade tão implacável e tão indelével que marca a nossa vida orgânica? Não se apoquente, ouça o conselho de um mestre: “Estudo a mim mais do que a outro assunto. Essa é minha metafísica, essa é minha física” (Montaigne, Ensaios, III, 13).

Pense bem! Adeus!

Um abraço e boa leitura,

Prof. Dr. Jasson Martins
Editor da Revista Pandora Brasil Nº 99
http://lattes.cnpq.br/4462018626227385





Sumário