Jorge Luis Gutiérrez. "MEMORABILIA POETICA".
Oblitus carmina, amore et desiderio. Poesia. Bilíngüe português–español. Com Ilustrações de Rafaela Aragon e apresentação de Márcia Tiburi. São Paulo: Giostri Editora.
Lançamento na Semana de Filosofia Mackenzie
Terça feira, 8 de outubro de 2013.
APRESENTAÇÃO
Márcia Tiburi
Jorge Luis Gutiérrez é professor de filosofia, mas parece muito mais um filósofo antigo saído inteiro de uma página mal fechada de um livro grego traduzido para o latim. Ou de um tratado espanhol de um século desconhecido perdido entre estantes de onde poderiam ter surgido suas palavras, aquelas onde “exílios se expandem infinitos...”. É assim que começo a ver a Memorabilia Poetica de Jorge Luis que acabo de ler: aqui está a alma e ela se diz por escrito.
Quando descobri que Jorge era poeta, senti uma esperança, daquelas súbitas e que não se desfazem com o tempo: a filosofia não está perdida apesar dos cárceres a que foi condenada pelo delírio da razão. Afinal que poeta, Jorge não é um filósofo sem corpo como os que vemos por aí. É que poeta é o corpo do filósofo. Poesia é a carne do pensamento. “Fissura na Via Lactea” ou “garoa do fugaz”, não importa, a poesia é a parte justamente vida do que esquecemos na vida que não se vive.
Ora, um filósofo quando não é poeta é só alguém que cansou de subir a montanha de Sísifo. Não há como fazer filosofia sem o esforço de erguer a pedra e Jorge sabe disso, por isso aprendemos com ele que o pensador torna-se melancólico na perda da poesia. É que a pedra, que o poeta ergue com um sopro, precisará de todo um esforço do pobre filósofo, um esforço de que ele não dispõe para movê-la. O filósofo é a vítima do fracasso da sua própria natureza racional, alheia ao tato, esse afeto, essa lava, que nos faz viver e, todavia, quem sabe um dia também nos mata.
Senti ainda, na minha descoberta de Jorge Luis Gutiérrez enquanto poeta, uma alegria simples, daquelas que acompanham um ramalhete de surpresas que se recebe de uma vez de seres escondidos atrás das árvores na mata fechada do dia a dia. Há em sua poesia um navio que nos carrega para um lugar bonito onde é possível entender que entre o amante e uma amada tece-se o devaneio. Sim, eles ainda existem apesar do banimento a que são condenados em nosso tempo. De fora, alguém pergunta: devo acreditar neste transbordamento? É que a poesia de Jorge se faz de amor e dor, essas lamparinas, ou epigramas, para usar palavras de seu vocabulário. E estes temas torturantes e torturados que um dia nos salvaram a humanidade, reaparecem aqui feito brinquedos. Por que desistir deles tão cedo?
Jorge Luis Gutiérrez é, assim, um filósofo poeta a quem não assusta a diferença, “as dunas do insólito” carregado do estranhamento que é próprio às coisas que permanecem existindo apesar das representações.
Salve sua poesia.
PRESENTACIÓN
Márcia Tiburi
Jorge Luis Gutiérrez es profesor de filosofía, pero parece mucho más un filósofo antiguo salido entero de una página mal cerrada de un libro griego traducido para el latín. O de un tratado español de un siglo desconocido perdido entre estantes de los cuales podrían haber surgido sus palabras, aquellas donde “exilios se extienden infinitos...”. Es así que comienzo a ver la Memorabilia Poética de Jorge Luis que acabo de leer: aquí está el alma y ella se dice por escrito.
Cuando descubrí que Jorge era poeta, sentí una esperanza, de aquellas repentinas y que no se desarman con el tiempo: la filosofía no está perdida a pesar de las cárceles a la que fue condenada por el delirio de la razón. Ya que es un que poeta, Jorge no es un filósofo sin cuerpo como los que vemos por ahí. Es que poeta es el cuerpo del filósofo. Poesía es la carne del pensamiento. “Grieta en la Vía Láctea” o “llovizna de lo fugaz”, no importa, la poesía es la parte realmente viva de lo que olvidamos en la vida que no se vive.
Ora, un filósofo cuando no es un poeta es sólo alguien que se cansó de subir la montaña de Sísifo. No hay como hacer filosofía sin el esfuerzo de levantar la piedra y Jorge sabe de eso, por eso aprendemos con él que el pensador se hace melancólico en la pérdida de la poesía. Es que la piedra, que el poeta yergue con un soplo, y que necesitará de todo el esfuerzo del pobre filósofo, un esfuerzo del que no dispone para moverla. El filósofo es la víctima del fracaso de su propia naturaleza racional, ajena al tacto, ese afecto, esa lava, que nos hace vivir y, sin embargo, quien sabe si un día también nos mata.
Sentí aun, en mi descubrimiento de Jorge Luis Gutiérrez en tanto poeta, una alegría simple, de aquellas que acompañan un ramillete de sorpresas que se recibe de una vez de seres escondidos detrás de los árboles en la floresta cerrada del día a día. Hay en su poesía un barco que nos lleva para un lugar bonito donde es posible entender que entre el amante y la amada se teje el devaneo. Sí, ellos aún existen a pesar del destierro al que son condenados en nuestro tiempo. De fuera, alguien pregunta: ¿debo creer en este desbordamiento? Es que la poesía de Jorge se hace de amor y dolor, esas lámparas, o epigramas, para usar palabras de su vocabulario. Y esos temas torturantes y torturados que un día nos salvaron la humanidad, reaparecen aquí jugando. ¿Por qué renunciar a ellos tan luego?
Jorge Luis Gutiérrez es, así, un filósofo poeta a quién no asusta la diferencia, “las dunas de lo insólito” cargado el extrañamiento que es propio de las cosas que permanecen existiendo a pesar de las representaciones.
Salve su poesía.
SINOPSE – Filosofia e poesia são os temas centrais de Memorabilia Poetica. A obra é composta de uma coleção de poemas que abordam os grandes temas da vida humana. A beleza, o destino, as navegações, a solidão, o exílio, o amor e o eterno. Os poemas são bilíngues (Espanhol – Português) e são ilustrados por treze desenhos de autoria de Rafaela Aragon. A filosofia se faz presente ao longo dos poemas e colabora para ilustrar os sentimentos e emoções de forma sutil, mas intensa.
"Pessoalmente penso que um livro de poesia só é bom se nele foi gasta a mesma quantidade de tempo, dedicação e energia que uma tese de doutorado..." (Jorge Luis Gutierrez)
SOBRE O AUTOR – JORGE LUIS GUTIÉRREZ é professor de Filosofia e especialista em filosofia grega antiga. Leciona na Universidade Mackenzie e na Faculdade São Bento. Nasceu no Chile, porém tem vivido grande parte de sua vida no Brasil. Possui doutorado e mestrado em Lógica e Filosofia da Ciência pela Universidade Estadual de Campinas; e cursos especializados em Israel e Chile. Em diálogo com a Física, tem pesquisado temas como o acaso a imprevisibilidade, a incerteza, a irreversibilidade e a liberdade humana. Já em diálogo com a Literatura, as relações entre filosofia e poesia. Entre outros trabalhos, é autor de Fragmentos de Ternura, Filosofia e Desterro, livro bilíngüe (português-espanhol) de contos e poemas de amor.