ESTA NOITE CHOVE INFINITAMENTE
SOBRE AS VERDADES INFINITAS


(Jorge Luis Gutiérrez)


Esta noite chove infinitamente
sobre as verdades infinitas...

E pelo molhado ritmo do mundo
eu te vou interpretando,
te etimologizo,
traduzo-te em poesia
existencialmente latente.

Chove...

E nos compassos
hermenêuticos das gotas
te escrevo e te reescrevo.

E penso que a chuva
é uma espécie
de metáfora tua:
Que cada gota é um alfabeto
perfeito para descrever-te.
Um referencial
peremptório e conciso
para significar-te...
E tudo se umedece
de acepções emergentes,
de tua humana humanidade
feminina e candente.

E me interpreto
enquanto te interpreto,
e te traduzo
enquanto me traduzo.

E sou o tradutor de mim mesmo:
e ao traduzir-me
sou o supremo intérprete
dos signos de teu corpo.

E na distância e no tempo
és alegoria ambivalente.

E eu sou um campanário
que a cada momento
replica que te amo
e o tanger faz
eco em tua epiderme...

E no mural de teus olhos
está tudo desenhado:
É por isso que meus olhos
em teus olhos se encantam.

É que tu és beldade
de contornos angelicais;
És vapor sensual
deambulando nos pulmões
de um poema;
és arte anatômica,
lírica e impetuosa.

E em ti encontro e reencontro
as formas perfeitas
e as cores precisas...
No meio de canções enigmáticas
que a água vai tocando pelo ar,
no arquitetônico violino de tua nudez.



Revista Pandora Brasil
INUNDADA DE LUZ, poemas de amor e filosofia episódica
Jorge Luis Gutiérrez



© Poema publicado no livro de Jorge Luis Gutiérrez
"Inundada de luz, poemas de amor e filosofia episódica"
São Paulo, Editora Baraúna, 2010.

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