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PRINCIPIAR: Aristóteles e a alma


Cintia Wartusch

Aluna de Filosofia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Atriz e Produtora teatral, atualmente trabalha em planejamento e pesquisa de projetos para CCGSS e coordena o projeto Vitrine Cultural no Teatro Imprensa em São Paulo.



“O que tento traduzir-vos é mais misterioso,
emaranha-se nas próprias raízes do ser,
na fonte impalpável das sensações.”

J. Gasquet, Cézanne.


Raizes

Origem, natureza, destino, a alma transita por essas palavras, sendo sopro, algo efêmero, passageiro para uns, sendo eternidade de ser para outros, só é consenso quando traz engendrada em si a vida. Na sua raiz grega psyché aparece como deverbal do verbo psýchein, soprar, emitir um sopro. Possui também essa conotação na palavra hebraica nefesh. Em latim denomina-se anima, que em principio advinha do sentido de sopro, ar, só posteriormente difundida mais precisamente, como principio vital, o que anima. Em suas raízes a alma parece constituir-se de ar, do inefável, não tem cor, nem cheiro, não podemos tocar. Por ele vive, respira, sabendo-se pelo seu contrário que o corpo está morto, o que pode denotar que a alma com ele feneça, ou sendo sopro eterno, poderá prosseguir. A obscuridade da alma, que indizível abarca a luminosidade, o milagre da vida, será o tema destas seguintes palavras, e nas obras de grandes debruçaremos no experimento de permear os seus mistérios.


Introdução

O tema da alma não só mora na filosofia, como na mitologia, religião e na literatura, as grandes questões a cerca da alma ainda hoje causam discordância: É ela distinta do corpo? Será ela imortal ou findará juntamente com a matéria? A problemática da alma é pensada em parte da filosofia platônica e aristotélica a qual nos aproximaremos a seguir. Partindo do tratado Da alma e passagens da Metafísica de Aristóteles, que compreendem distintas posições às concepções platônicas oferecidas no Fedro, apresentaremos algumas particularidades e pensamentos no que concerne a alma, passagens que mencionam a dificuldade e a complexidade do tema, abordando em seguida a importante abertura a partir da visão Aristotélica para o aprofundamento, o entendimento dos sentidos, a tese de substancialidade da alma, sua visão de perfeição no homem inteiro, seu passo adiante de toda a filosofia da época, na tentativa de demonstrar que essa investigação do conjunto circundante a alma, a faz algo realmente admirável aqui, em sua forma sensível-intectiva terrena, não sendo necessário a construção ideal de mundo além, e nem a certeza da ambicionada eternidade para que possamos alcançar a beleza verdadeira, a perfeição que nossa alma já abarca em si.

“Ao considerar o conhecimento como se encontrando entre as coisas mais belas e dignas do maior valor, sendo umas mais penosas do que outras, quer em virtude do seu maior rigor quer em virtude de dizer respeito a coisas mais belas e elevadas, decidimos, devido a essas duas mesmas causas, considerar toda a investigação respeitante à alma como sendo de importância fundamental.” (Da alma, 402 a 1) Aristóteles assim inicia o seu tratado da alma, uma verdadeira investigação como ele pronuncia, exercício árduo de observação, sistematização de conceitos e desmistificação de outros.

Quando toma seu tratado como investigação, deixa indícios de que tudo o que reflete, remete a um processo “... tarefa muito difícil conseguir alguma certeza acerca daquilo que consiste a alma.” (Da alma, 402 a 10). A verdade da alma recai no absurdo da existência, no espetáculo do grande mistério, em tudo o que temos, e o que na realidade somos, e seguindo a isso, todas as indagações filosóficas, de onde, para onde, como, para que, por quê? Percorrem-se interrogações infinitas. Partimos do sublime e terrível segredo da alma para pensarmos a amplidão da vida, do cosmos e tudo nele contido e constituído.


As sensações da alma

É a partir de seu toque, do olhar, que o mundo será e tornará sentido. Seus sabores apreciados, o odor e seus sons fruídos. O inicio da admiração são as sensações. A alma não só é vida como dá a vida, assim como o tempo em Aristóteles é o tempo da alma, “sendo necessário um intelecto com capacidade para numerar os movimentos segundo o antes e o depois”, para então enunciar a sua existência. Aristóteles sinaliza que tudo passa pelos sentidos traduzindo-se no intelecto por imagem concreta, palpável, não existe a idéia em si, como uma abstração autônoma, existe a idéia que está contida no sinolo, na matéria em conjunção com a forma, pode-se então entender algo além do que menciona quando fala dos sentidos, “o mais indispensável: o tacto.” (Da alma, 414 a 1.), sendo este claramente o sentido do alimento, imperioso para a nutrição, primordial a vida, o sentido mais simples, mas em conjunto com a visão, o mais aperfeiçoado sentido, são eles que experimentam o sinolo. Neste sentido o tato é também o sentido da matéria, da forma, que sente a coisa e sua essência, que para Aristóteles ali se encontra. Paul Valéry dirá séculos depois que, “o mais profundo é a pele”. E de acordo com essa profundidade lemos em Lionel Tayler, “O maior sentido de nosso corpo é o tato. Provavelmente, é o mais importante dos sentidos para os nossos processos de dormir e acordar; informa-nos sobre a profundidade, a espessura e a forma; sentimos, amamos e odiamos, somos suscetíveis e tocados em virtude dos corpúsculos táteis de nossa pele”. É ele que toca a realidade, e é tocado por ela, que confere o sentido do real, tátil. É por ele também que se defende a vida, por que a sente, referenciando–nos quanto à sensação e a temperatura do fogo, por exemplo, alertando-nos dos perigos.

Na Metafísica, Aristóteles escreve que por natureza, o homem tende ao saber e que sinal disso é o amor pelas sensações, e a mais amada dentre elas é a visão por tornar manifestas numerosas diferenças entre as coisas e proporcionar mais conhecimentos do que todas as outras.[1] Outra conjectura também fala da necessidade da audição como sentido essencial a comunicação e a aprendizagem. É então a partir das sensações que haverá o contato com o mundo real, que abrirá as portas para o sublime do conhecimento. A vida começa a ser percebida e desejada. Mas não há neles inteligência, apenas uma inteligência rudimentar, assim percebe-se nos animais. Mas admite ser a faculdade sensitiva falha, tornando-se em funcionamento complementar com a intelectiva, particular no homem, uma percepção mais apurada. Apresenta um processo de escalas naturae onde as faculdades e os sentidos possuem uma conotação de inter-relação e de importância em si, dentro de uma estrutura preciosa.


A substancialidade da alma

No tratado Da alma (Perí Psychés), Aristóteles evidencia um sistema biopsicológico para fundamentar sua tese materialista da alma, contrapondo o pensamento platônico acerca da alma. “Diversas foram as perspectivas explicativas apresentadas pelos pensadores, helênicos, que vieram a convergir num ápice conclusivo muito peculiar no século V a.C., com Platão” (Curso de Filosofia Aristotélica, pág. 542).

Aristóteles passa por todos os pensamentos e proporciona não só um panorama da história da filosofia antiga a cerca da alma, como utiliza a história deste pensamento como “método e como incindível faceta ontológica do problema em sua estrutura intrínseca.” (Curso de Filosofia Aristotélica pág.542). Para assim ir além, e propor outra perspectiva da anima, sem o dualismo corpus-anima³, atribuindo a existência da alma incindível ao corpo e tendo principio e fim em si. È ela uma substância. A substância é matéria, que por si só não poderia ser determinada, mas é a substância constituída de forma, e então denominada, sendo a alma substância composta de matéria, potência, e forma enteléquia. É enteléquia potência e ato, “... a enteléquia é entendida em dois sentidos: como conhecimento e como exercício actual do próprio conhecimento.” (Da alma, 412 a 20.). É uma matéria que possui vida, “A vida a que me refiro consiste na capacidade de se alimentar a si próprio, no crescimento e no acto de morrer.” (Da alma, 412 a 15).

Pela primeira vez a dicotomia corpo e alma que no pensamento platônico infere ao corpo o papel de cárcere da alma é abolida. O ser passa a ser inteiro, o ser é indissociável em matéria e intelekeia, e a perfeição faz-se inerente a este conjunto. O homem é homem por possuir forma de homem e nascer de um outro homem. O niilismo o qual a perfeição é a libertação do corpo e deste mundo é deposto, volta-se a visão para admirar o divino presente e existente na vida como ela de fato apresenta-se, no seu ciclo de nascer, crescer e morrer. Trata-se de uma filosofia concreta da alma, de sua essência, uma explanação e delimitação de suas faculdades e características, em contraste com a abstração contida em Platão, onde a alma é imortal, imaterial, unitária, indivisível e possui autonomia em relação ao corpo.


Na ordem não há acaso

Vale ressaltar que essa visão da alma não significa acaso, em passagem da Metafísica em reflexão sobre os princípios podemos verificar: “Por outro lado, não era conveniente remeter tudo ao acaso e à sorte. Por isso, quando alguém disse que a natureza, como nos animais, existe uma Inteligência que é causa da ordem e da distribuição harmoniosa de todas as coisas, pareceu ser o único filósofo sensato...” (Metafísica, A ¾ 984b1-10/15). Por este trecho pode-se fazer uma analogia com a função da entelequeia, a ela cabe harmonizar e ordenar o conjunto do ser. E é por meio da sua grande alma que Aristóteles constrói um tratado para descrever a observação empírica desta ordem e pronunciar nas entrelinhas a grandeza implícita à harmonia deste funcionamento.


O movimento como sinônimo de vida

Sobre o movimento da alma Aristoteles afirma, “é impossível que o movimento pertença propriamente a alma.” (Da alma, 406 a 1.), encontra-se consenso com Platão somente no atinente aos seres animados e inanimados “Todo corpo cujo movimento é imprimido de fora é inanimado, todo corpo que se move por si mesmo, a partir de dentro, é animado; e essa é, precisamente, a natureza da alma.” (Fedro, 245d). Para Platão a alma possui um movimento anímico porque é imortal. “Partiremos do seguinte principio: Toda alma é imortal, pois aquilo que move a si mesmo é imortal.” (Fedro, pág 81), a partir deste pensamento diferenciam os seus pressupostos, em Aristóteles a psyché é forma e unidade, não se move e não é movida. Há quatro espécies de movimentos conceituados por ele – a translação, a alteração, a corrupção e o acrescentamento. Poderíamos falar em movimento na alma, afinal constatam-se no homem os movimentos como o das paixões (alteração), por exemplo, que parecem advir da alma, mas para Aristóteles o movimento não acontece propriamente com a alma, mas em virtude da alma. Justifica ser ela o principio e a causa, e que o movimento têm nela seu “ponto de partida e seu ponto de chegada.” (Da alma, 408 b 15.) O movimento é intermediário, “deve haver, consequentemente, algo que move sem ser movido e que seja substância eterna e ato.” (Metafísica, A7, 1072 a 25). Quando escreve “O intelecto é, sem qualquer dúvida, aquela coisa mais divina e impassível.” (Da alma, 408 b 30.) Remete-nos a Metafísica e as noções de seu primeiro motor, sendo princípio motor é imóvel, pois algo em algum momento deve estar imóvel para mover, assim se vislumbra também a alma. Não se pode confundir a causa com o próprio movimento, dando-se o movimento a posteriori. A alma é ato, e sendo o movimento a transformação de potência em ato, não pode sê-lo na alma. Mas a alma não é ato puro como o primeiro motor que é então eterno, que é pensamento de pensamentos que pensam a si mesmo. Este é objeto de amor, mas não sujeito do amor, a ele, Deus, nada falta, não sofre privação, é ele o próprio bem. A alma tende ao bem, ao divino, dele participa, mas a ela, a alma, falta. É ela então constituída de privação e, por conseguinte de desejo. “O movimento opera-se em função do desejo e em função do intelecto; parecem ser estes os princípios da motricidade.” (Curso de Filosofia Aristotélica, pág. 574).

No tratado profere que o ser vivente, a planta, o animal e o homem participam do eterno, no movimento da geração, a função mais natural, de todo ser que é perfeito, consiste na sua capacidade de conceber um outro ser vivo semelhante a si mesmo. Seria este também seu fim em si. Mas de um fim que é começo, um eterno re-começar, que perpetua a espécie.


As faculdades da alma

Aristóteles separa as faculdades da alma em uma escala da mais primordial à existência de vida a mais complexa, sendo essas a nutritiva, sensitiva, desiderativa, motora e discursiva. E delimita-lhes as funções, à faculdade nutritiva cabe gerar e nutrir, encontrada nos vegetais e todos os seres vivos, ligada ao movimento de geração e corrupção. Segue o desenvolvimento para a faculdade sensitiva, que tem intrínseca a potência sensorial, mas necessita do objeto sensível para sentir, denota-se assim a correlação com o real e as formas materiais dos objetos. Segue o tratado a estudar em minúcias os sentidos, o tato, o paladar, a audição, a visão e o olfato. Há em todos eles a percepção de um funcionamento lógico e de relações as necessidades da vida, e sua fruição. Da faculdade sensitiva desdobra-se a faculdade desiderativa que por meio dos sentidos percebe-se do que é agradável e doloroso, e passa a desejar, e triparte-se em impulso (thymos), apetite (epithymia) e vontade (boulésis). “Sentir é, com efeito, provar uma certa paixão.” (Da alma, 424 a 1). A faculdade motora é aquela que possibilita a mobilidade espacial, destas todas citadas participa o animal. O homem além de todas essas faculdades possui também a mais complexa, a discursiva que é tanto logística quanto expressiva. Conclui: “A alma é a origem das características acima mencionadas e por elas definidas. “ (Da alma, 431 b10).


Alma platônica x aristotélica

Para além da definição da alma, a diferença entre a filosofia platônica e aristotélica parece permear “a forma”. Há a diferença da forma, que para ambos é essência, mas se encontram em lugares distintos. Para Aristóteles, a forma é a essência da matéria que em conjunto formam o sinolo, a idéia, a forma, é inerente à matéria, como fora descrito anteriormente, encontrada no mundo real. Para Platão as formas, perfeitas, as idéias eternas e imóveis, a verdade, encontram-se individuais e autônomas no mundo inteligível, para ele a verdadeira realidade, sendo este que nós habitamos o mundo sensível, imperfeito, uma cópia deste outro. E é de lá que vem e para lá que a alma tende. No mito da parelha alada, Platão expõe todo o processo de decadência, busca e ascensão da alma, o qual muito se assemelha a queda do paraíso bíblico, claramente faz-se uma analogia ao pecado original. Éramos todos nós dotados de asas e ao perdê-las, caímos em um corpo aqui na terra, “A força da asa consiste em conduzir o que é pesado para as alturas onde habita a raça dos deuses. A alma participa do divino mais do que qualquer outra coisa corpórea. O que é divino é belo, sábio e bom. Dessas qualidades as asas se alimentam e se desenvolvem, enquanto todas as qualidades contrárias, como o que é feio, o que é mau a fazem diminuir e fenecer.” (Fedro, 247).

Enquanto Aristóteles demonstra-nos a alma dissecada, e os pormenores de seu domínio físico, circunscrevendo–a. Platão a faz parte de sua metafísica, por meio de mitos, exemplifica seu caminho, sua busca, e sua constituição é por vezes poética, somos nós constituídos de asas. Essa é a outra forma diferenciada, com a qual tratam da alma. Mas o sentido abstrato de Platão muito fala a e da alma, que em sua composição de sentidos, de sentir, eclode em pulsões de desejos, dores e prazeres, que vão além da funcionalidade e da simples sobrevivência, em sua busca da idéia pura da alma, muito penetrou no âmago de seu reflexo. Sendo a alma constituída de privação, de eterna falta, em que por vezes sente-se viajante perdida sem sinalização de partida e de chegada, tornando-se ser sedento de explicações e atenuantes que guiem num sentido desta vida sem sentido, o ser e o existir, a alma, complexa em demasia, em suas palavras encontram metáforas que tocam profundamente esse devaneio de ser. Para Platão o motor da alma é o amor, e em uma das mais belas passagens do Fedro descreve como ele fornece asas:

“...Logo que percebe, através dos olhos, a emanação da beleza, sente esse doce calor que alimenta as asas da sua alma. Esse calor derrete os entraves da vitalidade, aquilo que, pelo endurecimento, impedia a germinação. O afluxo do alimento produz uma espécie de intumescência, um sopro de crescimento no corpo das asas. Esse ímpeto vai se espalhar por toda a alma. Esta, quando asas começam a desenvolver-se, ferve, incha e sofre da mesma maneira como padecem as crianças que, ao lhe nascerem novos dentes, sentem pruridos e irritação nas gengivas. Também a alma freme, padece e sente dores, ao lhe crescerem asas. Quando contempla a beleza de um belo objeto, e dele provêm corpúsculos que saem e se separam o que gera a vaga de desejo (himeros), a alma encontra então o alívio para as dores e alegrias. Mas, quando está separada do amado, fenece...” (Fedro, 252).

E é por meio do amor a beleza ascendendo ao amor filosófico que a alma do filosofo poderá alcançar a reminiscência do mundo das formas, o perfeito, elevando-se a contemplação das verdades eternas.


Conclusão


Na abstração de Platão e na materialidade de Aristóteles reluzem milhares de partículas de entendimento deste sublime mistério, alma, que somos nós, se não uma substância, um composto abstrato e material, em busca de plenitude, metáfora de asas, um ser orgânico traduzido por meio de sensações e pensamentos. Se a alma é eterna ou mortal, ainda não sabemos, ou a resposta esteja no saber findar, na aceitação de não-ser, pois a verdade que se apreende neste conjunto que hoje nos cabe é que nascemos, crescemos e morremos, para além, só se pode como Platão idealizar. E talvez se necessite de uma suposta mística, uma consolação na angustia existencial, como diria Sartre, afinal é difícil estarmos abandonados e sem sentido, e é com certo desespero que ainda não se aceita o inevitável. Se é lógico em Aristóteles que “o movimento que afecta a alma é aquele que à alma mais interessa” (Da alma, 406 b 1), observemos então o caminhar da humanidade, sua busca incessante para o prolongamento da vida, a sobrevivência da religião num mundo cientifico, são dados que fornecem um panorama de necessidades, mas este seria o senso comum, e nele não se encontra a verdade, apenas um aglomerado de massa. A vida tende a sua natureza, e contrariando este sentido acaba por ser uma luta incessante contra a sua própria essência, já não sabemos envelhecer. Por outro lado, também não podemos como no pensamento platônico encará-la como uma preparação para a morte, como se aceitar o fim fosse uma negação à vida. Ao colocar a beleza, a perfeição e o bem se encontrando em outro lugar, reduz-se esta vida a uma passagem na imperfeição, Aristóteles mesmo com o materialismo da alma, carregado do complexo fato de ser transitório, aguça o olhar para a admiração da grandeza que realmente pode ser compreendida nesta realidade, a que somos, e como somos. Observando os pormenores, descreve o milagre, mostra a perfeição deste conjunto, desta funcionalidade por si e em si, que experimenta o mundo, que vive e faz viver, que o pensa, que o torna, que frui e flui. Coloca o divino e eterno em nosso corpo, em nosso ato de geração, e há nisso tudo tanta beleza!

Aristóteles afirma:

“A alma é, com efeito, o princípio de todos os seres vivos.”

E um milagre aí se encontra; simplesmente poder principiar.




Bibliografia

ARISTÓTELES, Da Alma, Introdução e notas por Gomes, Carlos Humberto, Edições 70, Lisboa, Portugal, s/ data.

ARISTÓTELES, Metafísica, Ensaio introdutório, texto grego com tradução e comentário de Reale, Giovanni, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2002.

BITTAP, Eduardo C.B. Curso de Filosofia Aristotélica: Leitura e Interpretação do Pensamento Aristotélico, Barueri, 2003.

www.aguinate.net/cienciaefe



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NOTAS

[1] (Metafísica, A 1 980ª 25.) [2] Referência ao conceito utilizado por BITTAP, Eduardo C. B. Curso de Filosofia Aristotélica: Leitura e interpretação do pensamento Aristotélico.
[3]idem
[4]BITTAP, Eduardo C. B. Curso de Filosofia Aristotélica: Leitura e interpretação do pensamento Aristotélico, pág.545)
[5]idem, pág.543)
[6]ibidem, pág 553
[7]Da alma, 415 a 25./415 b 1.
[8]BITTAP, Eduardo C. B. Curso de Filosofia Aristotélica: Leitura e interpretação do pensamento Aristotélico, pág 561)