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SIMPLICIDADE NA EDUCAÇÃO: A FORMAÇÃO DO SER HUMANO

Arlete Jordano
Bruna Borges
Daniela da Silva
Giovanna Turco
Marina Marcondes


No mundo antigo acreditava-se que a virtude era algo com que já se nascia e que uma vida feliz estava diretamente ligada a uma vida virtuosa. Porém, hoje acredita-se na idéia de que a virtude pode ser aprendida e deve estar ligada a um certo tipo de atitude que nos agrada. Deve ser um comportamento constante e natural, pois se é transitório, não é virtude. Só se é virtuoso quando agimos sem esperarmos nenhum tipo de reconhecimento, já que a virtude é uma potencialidade, uma qualidade que temos.

A obra O Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, de André Comte- Sponville apresenta a definição de diversas qualidades tidas como virtudes. O autor discorre textos exemplificando algumas delas e estabelece relações entre o que é ser alguém virtuoso e como as virtudes podem definir o comportamento do ser humano. Trataremos aqui, da virtude denominada simplicidade.

Segundo definição encontrada no dicionário da Língua Portuguesa Aurélio, simplicidade seria a qualidade do que é simples, forma simples a e natural de viver, ou de dizer, ou de escrever, etc,já o autor, parte da idéia de que o simples é aquele que não se questiona, não se aceita e nem se recusa. Faz o que faz sem discursos, comentários ou reflexões. Dessa forma, a simplicidade seria a mais leve das virtudes, aquela que é transparente e rara. Em sua essência, simplicidade não seria simploriedade. Mas, sim a falta de complicação das coisas, dos atos, dos pensamentos.

SPONVILLE (1999) afirma que o simples é aquele que não simula, que não presta atenção (em si, na sua imagem, na sua reputação), que não calcula, que não tem artimanhas nem segredos, que não tem segundas intenções, programa, projeto... E completa dizendo que a simplicidade é o esquecimento de si, de seu orgulho e de seu medo: é quietude contra inquietude, alegria contra preocupação, ligeireza contra seriedade, espontaneidade contra reflexão, amor contra amor- próprio, verdade contra pretensão.

Dessa forma, é possível estabelecer um paralelo entre a virtude da simplicidade e a educação. Para ser um bom educador é preciso ter a virtude da simplicidade. Não ostentar, falar uma linguagem que todos possam entender e não complicar as coisas. Além disso, é preciso que o educador acredite que a educação é um processo onde professor e aluno aprendem simultânea e constantemente. O professor deve reconhecer que ele não é o detentor do conhecimento e que a simplicidade é o contrário da pretensão, da duplicidade. É preciso também ter clareza no pensamento e na consciência, sem se deixar enganar ou ser prisioneiro de ambos.

Vale lembrar que Fénelon afirma que não conseguimos ser simples quando queremos, já que querendo ser simples nos afastaríamos da simplicidade. Dessa forma, cabe ao educador não só possuir a virtude da simplicidade, mas também ensiná-la, visto que uma virtude pode ser aprendida. A simplicidade não permeia apenas a moralidade ou ações, mas também o mundo material. É necessário que o educador tenha essa idéia clara, já que o mundo atual nos direciona para atitudes consumistas e impensadas. Muitas vezes, não conhecemos detalhes da nossa própria casa ou do caminho que pegamos para irmos até o trabalho. Pelo simples fato de estarmos conectamos ao mundo de outra maneira, através de celulares, mp4, carros com ar-condicionado ou até mesmo pela falta de tempo.

A simplicidade deve permear a educação e ser considerada como parte importante da construção do ser humano. Porém, deve ser algo espontâneo e natural, caso contrário deixaria de ser uma virtude. Deve ser aprendida pouco a pouco e a escola pode fazer parte desse processo. A partir daí, podemos pensar em uma escola e em uma educação global, que tem como objetivo formar alunos com competências muito mais amplas do que as definidas pelo conteúdo curricular.

REFERENCIAL

SPONVILLE, André Comte. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1999.


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