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A IMPORTÂNCIA DA VIRTUDE NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Paula Silva Lima
Karina Íris


Sabe-se que a função social da escola não se resume a transmitir conhecimento ou ensinar os alunos a construí-lo, mas é ampla, e engloba, também, o ensino de valores, princípios, virtudes, de modo que os educandos possam viver em harmonia em sociedade e que cada ação ou palavra seja meio para promover o bem comum.

Segundo Comte-Sponville, a virtude pode ser ensinada. Ao saber disso, alguns educadores podem equivocar-se, pensando: “Ótimo! Vamos fazer debates e palestras sobre o assunto e falar da importância das virtudes para os alunos”. A virtude, os bons valores e princípios não podem ser ensinados somente pelos livros ou em aulas: é necessário dar exemplos, ou seja, a vida do educador deve ser uma aula. Não se pode excluir a possibilidade de falar sobre o tema, mas não se deve parar por aí: do que adianta um educador dizer aos seus alunos para serem humildes, se ele mesmo não o é, se gaba, por exemplo, de ser virtuoso? Alguns poderão pensar: “Mas se ele fizer isso longe dos olhos dos seus alunos, eles não saberão e não haverá problema”. Se um educador quer ensinar aos seus alunos as virtudes, deve ser virtuoso (ou, pelo menos tentar), e a virtude independe do lugar, da situação e da presença ou ausência de pessoas, ou seja, somente é virtuoso aquele que o é mesmo estando sozinho.

É importante que o educador trabalhe desses dois modos: falando e mostrando. Pode se utilizar, por exemplo, de situações cotidianas como ponto de partida para falar das virtudes. Tomemos como exemplo aqui a virtude da tolerância. O professor pode mostrar que tem virtude, tolerando, por exemplo, um aluno muito mal-educado. É mister ressaltar que o aluno pode ser tolerado, mas não sua má-educação e demonstrações, pois estas devem ser combatidas. Partindo desse exemplo, o educador pode falar da tolerância, definição e “aplicação”, ensinando, assim, seus alunos a praticarem esta virtude, dentro e fora da sala de aula. Deve ser enfatizado aos alunos que liberdades de opinião, expressão e culto são de direito e, por isso, devem ser respeitadas, não toleradas. Ao mesmo tempo em que é importante dizer que há coisas passíveis de tolerâncias e outras, não. Violência, por exemplo, é uma ação que não pode ser tolerada: nem na sala de aula, nem em qualquer outro local. O educador deve ensinar seus alunos a resolverem seus conflitos por intermédio do diálogo. É um ensinamento que provavelmente não dará resultados em curto prazo, mas o educador deve semear as idéias e cuidar sempre para colher as ações.

O educador deve colocar em evidência o fato de todos nós errarmos, o que não nos deixa em posições de julgar o próximo.

É bom ensinar e praticar a tolerância, mas, paralelamente, também o amor, pois, assim, aprenderemos e ensinaremos a tolerar - o mínimo que podemos fazer - e quem sabe consigamos evoluir e amar mesmo os que são passíveis apenas de tolerância.

Sendo assim, a virtude está totalmente ligada ao desenvolvimento de relacionamentos saudáveis entre pessoas e comunidades, saber viver bem e alcançar excelência e experiência como ser humano. Dentro dessas perspectivas a educação se mostra como um caminho fundamental para o desenvolvimento de “pessoas boas”, ou seja, virtuosas.


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