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SUAVEMENTE TEUS BEIJOS


Suavemente teus beijos
vão entrando em meu sangue.

E tu boca se faz pão
e sacia minha fome.

E o sol se engrandece
de tanto alumiar-te.

E tu perduras
na luminosidade.

E o doce
calor da minha alma
se vai fazendo vinho
em teus cálidos lábios.

E a vida se faz
luz em tua carne.

E recibo suavemente
o fulgor de tua pele.

E como num épico hino
te convido a nascer.

Renasçamos amada
na placidez
de nossos corpos!

Renasçamos mil vezes
em teu benigno abraçar!

E não te falta nada
e não te sobra nada.

Cabes exatamente
onde estas agora...
perfeitamente
proporcionalmente.

Teu peregrinar
frente a meus olhos
graciosamente transita:
delicado,
primoroso.

Temperando a tarde.
Confortando minha alma.
Enchendo meus olhos.

E não me falta nada:
esta tarde é suficiente.
Tu me bastas...
E não quero mais nada.

E lucidez e coragem
me invadem do todo.

Lucidez para saber
que a tarde decorre.

E coragem para
fulgurar-te
radiante e rutilante
no ardor
infinito de um desejo;
que se localiza
no lugar exato
onde estas existindo:
nos contornos estritos
de tua geometria.


Poema de Jorge Luis Gutiérrez (Chile)
Poema publicado no Livro
“Fragmentos de Ternura, Filosofia e Desterro”
São Paulo - 2006