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AO SOL LHE CONTO


Tua graciosa figura
se aproxima de mim.
caminhas,
vens,
trafegas,
es,
perfilas-te,
persistes.

Cálidos raios
se vertem
sobre
tua transitória cabeleira,
que muda ao compasso
da sutil brisa.

É suave a tarde
e a vida é esplêndida.

E o soberbo céu azul
é plano de fundo perfeito,
para teu corpo
caminhando sob o sol.

E eu lhe digo ao sol:
que já seja
momentaneamente
ou definitivamente,
me agradaria ser feliz
no ato de encontrar-te.

E inspirar o alvoroço
do amor.

E o teatral brilho
refletido em tua presença
se espalha por minha retina
e sento a secas
que te amo.

E eu confesso
ao sol em sua glória,
que festejo sua luz
em tua luz
e que exalto
minha paixão por ti
em sua ternura
resplandecente.

E que venero
o fogo
de sua essência
em tua pele ensolarada.

E lhe digo o que és,
ante seu majestuosidade
argumento:
és impulso de vida;
nada mais que vida;
diáfana vida,
límpida,
translúcida,
nítida vida
que perambula
pela trilhas
desta terra.

E frente ao sol
sento
que és
um amor venturoso
e sem desalento;
ao qual celebrarei,
acolherei,
e engrandecerei
implacavelmente.

E lhe conto ao sol
que inflama o ar
com seus ostentosos
e indômitos raios
do desejo
gozoso e luzido
que sento por ti.

E o Astro
guarda silêncio
e indiferente e longínquo
alumia as ruas
neste dia esplendoroso.



Poema de Jorge Luis Gutiérrez (Chile)
Poema publicado no Livro
“Fragmentos de Ternura, Filosofia e Desterro”
São Paulo - 2006