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SERÁS SÓ LUZ


O dia se dilui
em um mar de emoções
e vou-me submergindo
na ausência que deixas.

Logo serás sol,
claridade e meio dia
resplandecendo diáfana
por todos os cantinhos.

E não poderei enxergar-te
à luz da janela
com a suave tarde
desmoronando em teu cabelo;
nem tua sombra harmoniosa
fulgurando na sala
tua cheirosa silhueta
feminina e sublime

Serás só luz
sem corpo e sem alma,
que invadirá meus dias
com todas as suas cores
e não saberei o que fazer
sem poder sentir-te
a não ser no ar
gelado e imperturbável.

Sem saber onde estás,
afundarei sossegado
no profundo vazio
que tu me deixaste.

Sem ter aonde ir
nem a quem ir queixar-me,
sem poder protestar
irei pela tarde.

E debaixo do sol imponente
permanecerei absurdo,
incompreensível aos teus olhos
num cenário insensato.

Com um velho poema
apertado no pescoço
e uma rebelde oração
fincada nos olhos.

E ao evocar no imenso
tua ensolarada figura,
teu esplendor vagará
pelo tempo de meu corpo.


Poema de Jorge Luis Gutiérrez (Chile)
Poema publicado no Livro
“Fragmentos de Ternura, Filosofia e Desterro”
São Paulo - 2006