TANTAS VEZES
(Jorge Luis Gutiérrez)
Tantas vezes me pareceste infinita
e tantas vezes te senti infinitamente.
Tantas vezes te cogitei fisicamente
e tantas vezes te cogitei metafisicamente.
Tantas vezes te julguei em movimento
e tantas vezes te julguei em repouso.
Tantas vezes te refleti concluída
e tantas te refleti interminada.
Tantas vezes pensei que eu era teu centro
e tantas vezes pensei que tu não tens centro.
Tantas vezes raciocinei
que tu eras fixa e imóvel
e tantas vezes raciocinei
que em ti nada é fixo
e nunca estás imóvel.
Tantas vezes conjeturei que sempre
estavas no mesmo lugar,
e tantas vezes conjeturei que sempre
estavas num outro lugar.
Tantas vezes te ponderei como realidade
e tantas vezes te ponderei como ficção.
Tantas vezes te presumi como conexão
e tantas vezes te presumi como ruptura.
Tantas vezes experimentei teu amor
e tantas vezes experimentaste meu amor.
Tantas vezes achei
que me amavas mais que eu
e tantas vezes achei
que eu te amava mais que tu.
Tantas vezes te poetizei reta
e tantas vezes te poetizei curva.
Tantas vezes te escrevi no passado
e tantas vezes te escrevi no futuro.
E tantas vezes filosofei que tu mostravas
a imensurabilidade de teu amor,
constante e persistente,
com um amor alterável e instável.
E tantas vezes filosofei que através
de um amor alterável e instável,
tu mostravas a imensurabilidade
de teu amor constante e persistente.
Tantas vezes te desenhei perfeita
e tantas vezes te desenhei frágil.
E tantas vezes te enchi de beijos de amor
e tantas vezes te enchi de beijos de adeus.
E tantas vezes te deixei ir
e tantas vezes te trouxe de volta.
E tantas vezes fui embora
e tantas vezes voltei.
E tantas vezes fostes embora
e tantas vezes voltaste.
Tantas vezes...
Tantas vezes...
Revista Pandora Brasil
INUNDADA DE LUZ, poemas de amor e filosofia episódica
Jorge Luis Gutiérrez
©
Poema publicado no livro de Jorge Luis Gutiérrez
"Inundada de luz, poemas de amor e filosofia episódica"
São Paulo, Editora Baraúna, 2010.
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