(Jorge Luis Gutiérrez)


Há um lugar
nos cernes do deserto,
onde somente há silêncio...

Nenhuma palavra vai até lá.
Pele generosa de brilho e de sol.

E quando chega a noite no deserto
parece que o silêncio dorme...
e se faz mais silêncio...

É o silencioso silêncio do silêncio,
que adormece nas espessuras
das penumbras do deserto...

E nessas profundezas
silenciosas do deserto,
até os cactos morrem.

Nos âmagos do deserto
as imagens viram sal.

E toda umidade se volatiliza,
e a seiva se desvanece.

Mas, quando chega o alvorecer
e o fulgor raia o horizonte,
você acorda luzente em meu deserto.

Então, sobre um orvalho
de luz e de beleza,
faço-lhe cócegas silentes,
e cochilo por todos seus sorrisos:
“Bem-vinda ao silêncio”.



Revista Pandora Brasil
INUNDADA DE LUZ, poemas de amor e filosofia episódica
Jorge Luis Gutiérrez



© Poema publicado no livro de Jorge Luis Gutiérrez
"Inundada de luz, poemas de amor e filosofia episódica"
São Paulo, Editora Baraúna, 2010.

Todos os direitos reservados.