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A FIDELIDADE NA SALA DE AULA

Juliana Tozzo
Lisiane Moretto
Mariana Pires
Simone Cruz



A virtude “fidelidade” no senso comum é quase sempre relacionada com as relações entre casais. Vejamos algumas falas:

- “Fidelidade é estar com o outro em todos os momentos da vida. Este estar quer dizer: ouvir, falar, sentir, acolher, respeitar, entre outros...” (Fem. 26 anos)

- “Pra mim é manter-se coerente e verdadeiro a um compromisso assumido, seja esse compromisso de qualquer natureza...” (Masc. 30 anos)

No dicionário encontramos tal definição:

1. Qualidade do fiel. 2. Lealdade, firmeza. 3. Constância de hábitos, afeições, sentimentos. 4. Grande precisão. 5. Semelhança entre o original e a cópia: exatidão.

Para Sponville, autor da obra: ” O Tratado das Grandes Virtudes” , a fidelidade está ligada à memória, ele diz que “(...) o homem só é histórico pela memória, só é humano pela fidelidade. Guarde–se, homem, de se esquecer de se lembrar”. Porém, segundo o autor, ela possui três domínios particulares: o pensamento, a moral e o casal.

Não se pensa qualquer coisa, mesmo na dialética. “Ser fiel as suas idéias é não apenas lembrar-se de que as teve, mas querer conservá-las vivas”. A luz do autor é preciso analisar que, assim como todas as virtudes, é necessário que se encontre um meio termo, um equilíbrio. Assim, ser fiel a uma idéia, não significa que não se possa repensá-la (dogmatismo), e não acreditar em algo como crença (fé). Além disso, é preciso considerar outras opiniões, e dar abertura para repensar nossas convicções, driblando o fanatismo.

Acredita que a moral é intimamente ligada à fidelidade, nem por isso deixam de ser duas. Trata-se simplesmente de não confundir a razão, que é fidelidade ao verdadeiro, com a moral, que é fidelidade à lei.

Diante dessas definições, como ensinar a fidelidade na sala de aula?

Para dar resposta a esta pergunta se torna indispensável destacar que, fidelidade é uma virtude e sendo assim toda virtude deve ser ensinada. A virtude, e especificamente esta, não pode ser ensinada diretamente e sim por meio de atividades interativas e das relações sociais do nosso cotidiano. Grande parte do ensino da virtude se faz por meio da imitação.

O professor pode se tornar esse modelo para o educando, ou seja, ele exerce um papel social de educar, mas também tem uma função importante na realidade social e na construção da identidade.

Na sala de aula, o professor pode em momentos específicos, e por meio de projetos, falar sobre a importância de ser fiel, adaptando ao contexto do educando. Assim, para as crianças, se faz necessário que ele concretize com exemplos reais, enfatizando porque devemos ser fiel aos amigos, aos nossos familiares e, quais os benefícios que isso nos trás.

Todo profissional da educação deve ser também fiel ao seu pensamento, suas crenças e a sua prática de ensino, contudo, o docente não pode confundir a razão como uma fidelidade verdadeira, com a moral, pois não existe uma moral absoluta, muitas vezes ela dependerá da religião, cultura e da interpretação que o sujeito, ou o que é transmitido pela sua família, faz da sociedade. Falar sobre a moral é um caminho, mas é preciso tomar cuidado para não confundir o que o educador acredita, com as convicções individuais, que já estão sendo moldadas no seio familiar.

Contudo, é preciso destacar que a escola tem papel importante neste processo, mas que ela é um complemento deste desenvolvimento, juntamente com a família e a sociedade.


BIBLIOGRAFIA

COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1999.


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