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BRASIL E MÉXICO: UM ENSAIO SOBRE O PROGRAMA
INTERNACIONAL DE AVALIACÃO DE ESTUDANTES (PISA)


Nathália Pamela Brandão Tomaz

Aluna Pedagogia (Mackenzie)


“Um país se faz com homens e livros”(Lobato)


Resumo: O texto articula discussões acerca da educação brasileira, tendo como foco, a situação da leitura no país. Apresenta resultados da avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, 2000) em comparação com outros países no contexto mundial, teve o Brasil como representante da América do Sul e o México, da América Central.

Palavras-chave: Educação Comparada, Avaliação Internacional, Leitura.



O célebre Monteiro Lobato já anunciava a solução dos problemas do país: Educação. E foi só no século XX que nos demos conta disso. A busca incessante pela qualidade na educação tem levado o governo federal a promover diversas ações educativas a fim de, finalmente, erradicar os problemas que a educação brasileira já apontava desde que Pedrinho e Narizinho eram as crianças-futuro do país.

A solução que o nosso governo tem aderido nos últimos anos foi então, a de avaliar. Avaliar para diagnosticar desvios, acertos e erros, e assim investir. Essa lógica tem nos levado a ser comparados ano a ano com outros países, para que a realidade da educação do país venha à tona e que políticas públicas efetivas sejam adotadas.

Os problemas da educação básica brasileira, que não são poucos, foram dissociados e a cada âmbito, uma saída diferente. A última proposta foi a avaliação do desempenho dos alunos que terminam a educação básica. Segmento este em grande expansão, pois, desde a década de 90 muitas ações foram realizadas a fim de extinguir a evasão escolar e universalizar o acesso e permanência de crianças e jovens à educação básica. Agora, mas do que nunca é preciso buscar qualidade e o resultado dessa evolução no ensino fundamental.

No ano de 2000, o Brasil juntamente com mais três países, Letônia, Liechtenstein e Federação Russa, foram convidados a participarem de uma avaliação internacional (PISA) organizada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), visando ajudar os governos-membros a desenvolverem melhores políticas nas áreas econômicas e sociais.

A pesquisa PISA 2000 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), aplicada em 32 países avaliou nesse ano o nível de competência cognitiva em Leitura de alunos com faixa etária de 15 anos desses países. Essa avaliação, desde então, tem ocorrido a cada 3 três anos e em cada edição apresenta um enfoque diferente. Em 2000 avaliou a Leitura dos alunos, a edição de 2003, Matemática e em 2006 o foco estava em Ciências.

No Brasil, tantos alunos de escolas públicas como os de escolas particulares foram avaliados compondo os mais de 250 mil estudantes, alerto que nessa primeira edição apenas o Brasil, participou representando a América do Sul, e o México, a América Central.

Um dos grandes objetivos do PISA é constatar o nível de preparação desses jovens para enfrentarem os desafios do mundo contemporâneo, ou seja, avaliar a capacidade empregar o conhecimento adquirido na escolarização em situações da vida real, assim como proporcionar por meio dos resultados que esses países participantes realizem intervenções de ordem política no que se refere às estruturas e práticas educacionais.

A avaliação em Leitura pelo PISA, não considerava a capacidade de decodificar os textos, mas sim de articulá-los a outros assuntos, realizando inferências e reflexões. Não deu outra, quando avaliados os resultados do nível de Letramento de nossos alunos, foram alarmantes.

O Brasil ocupou o último lugar na amostra do PISA 2000, com o pior resultado médio em Leitura, sendo a Finlândia a primeira colocada. Os conhecimentos e habilidades avaliados, foram divididos em 5 níveis de proficiência de Leitura, estando no nível 1, os países que atingiram a média entre 335 a 407, o Brasil apresentou 396 de média.

O México, por sua vez, numa leitura comparativa é o país que, na lista de participantes, apresenta uma mesma situação sócio-econômica do Brasil do que o restante europeu. A avaliação da Leitura dos jovens mexicanos foi um pouco melhor, ficando em penúltimo lugar com a média de 428 pontos, saliento que a média finlandesa foi de 548 pontos, revelando que a amostra avaliada de seus jovens apresentaram o nível 5 em proficiência em Leitura, que indica a capacidade de ler e articular texto de forma crítica, avaliar e construir hipóteses a partir de conhecimentos específicos.

Diante desses resultados muitas justificativas parecem confortar alguns. Na época, com a publicação do relatório do PISA 2000 pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), em dezembro de 2001, procurou apontar possíveis explicações sobre esse fracasso. Entre as justificativas estavam o índice de desenvolvimento sócio-econômico, a desigualdade econômica e o atraso escolar, aspectos os quais o Brasil apresentava índices muito superiores com relação à desigualdade e ao atraso em comparação com outros países.

Se o baixo desempenho e o nível de desigualdade social podem ter correlação e assim justificar o péssimo resultado brasileiro, pode ser uma hipótese. Mas não nos esqueçamos que o México, país com situações sociais e econômicas parecidas, apresentou nível superior ao dos alunos brasileiros.

A idéia de comparar, apresentada no relatório do INEP, o Brasil com os países mais desenvolvidos, a fim de construir uma justificativa pautada na idéia de que o país é inferior em desenvolvimento econômico, que o país possui grande extensão territorial, que por possuir um índice relativamente alto de evasão escolar, assim como o acesso de jovens, e ainda que a cobertura da educação básica ainda tem muitos caminhos a percorrer, não são válidas para se conformar com o resultado.

O fato é que nossos alunos ao fim de uma educação básica de 8 anos, (informo que na época a lei que implementa o ensino fundamental de 9 anos não estava em vigor), apresentam sérias dificuldades em compreender um texto simples, mostrando poucas habilidades em articular as idéias de um texto e realizar uma reflexão crítica. Se pensarmos que a oferta do ensino médio no Brasil, além de ser precária, sobretudo, não tem o caráter de obrigatoriedade em lei, compreendemos o real lugar que a educação ocupa no Brasil.

Nesse sentido após traçar uma avaliação da educação do Brasil, não só com relação aos países desenvolvidos, mas também com o México, remeto-me ao Monteiro Lobato e considero que o resultado do PISA 2000 e de outros mecanismos de avaliação educacional que existem e aos que passarão a existir, que de fato o país ainda precisa de livros e de práticas de leitura, além de homens comprometidos e conscientes da situação crítica e caótica da educação do país que muito ainda precisa caminhar, sem ser comparada como um fim em si mesmo, mas sim como um procedimento efetivo para que se atinja o objetivo e a razão de uma educação de qualidade: a formação de cidadãos.


REFERÊNCIA

Relatório Nacional do PISA 2000. Disponível em:
http://www.inep.gov.br/download/internacional/pisa/PISA2000.pdf.
Acessado em: 29 de agosto de 2009.


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