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EDUCAÇÃO FÍSICA: UM PARALELO ENTRE BRASIL E CHILE



Eduardo Boero de Souza e Silva
Aluno Pedagogia (Mackenzie)


Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar a disciplina de Educação Física, seus objetivos e conteúdos, pautados na legislação, nos parâmetros e nos referenciais curriculares no Brasil e no Chile, apontando a sua importância para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social dos alunos, através de atividades físicas e de atividades lúdicas, traçando um paralelo entre Educação Física no Brasil e no Chile.

Palavras-chave: Educação Física, Brasil, Chile


Educação Física no Chile

Segundo o Ministério da Educação Chilena, a Educação Física é um setor de aprendizagem que visa o desenvolvimento corporal do educando em uma concepção de saúde total e de fortalecimento de capacidades para favorecer o desenvolvimento físico e psicológico geral.

Responde à necessidade de desenvolver as capacidades físicas por meio da educação da motricidade da pessoa e uma prática equilibrada e diversificada da atividade física e desportiva, sustentada em uma compreensão de seu sentido e utilidade.

Em particular, esse setor favorece todas aquelas atividades que buscam um melhor desempenho da estrutura corporal, o aperfeiçoamento (isolado e combinado) das formas básicas de movimento e coordenação (estática, dinâmica, geral e específica) requerida pelo desenvolvimento corporal harmônico, o ajuste postural, e o desempenho dos educandos nos jogos e atividades cotidianas próprias da idade.

É importante destacar que como se trata de incentivar o uso do aparato locomotor em beneficio da saúde pessoal, as metodologias de trabalho do setor devem ser concebidas para atender a todos os alunos e alunas sem exceção, incluindo aqueles que possam estar com quaisquer inabilidades físicas. Para isso, a atividade deverá adequar-se à capacidade potencial de cada aluno, gerando em todos eles o hábito do exercício físico e da prática desportiva.

São critérios gerais orientadores das atividades deste setor de aprendizagem:
a) a promoção da atividade física e um estilo de vida saudável, para o qual os alunos devem ser orientados a realizar atividades físicas e participar em atividades que desenvolvem sua saúde, flexibilidade, força muscular e resistência;

b) o desenvolvimento de atitudes pessoais e sociais positivas, para o qual devem ser orientados a observar e cumprir com as convenções de boa conduta desportiva, aprender a manejar com equilíbrio os êxitos e limitações em seus desempenhos, e a valorizar o trabalho em equipe e seus aspectos de cooperação, lealdade e dedicação à tarefa comum;

c) o desenvolvimento de critérios de segurança e de higiene e da importância de reconhecer e seguir regras e procedimentos, assim como o uso da equipe, na prática física.


Educação Física no Brasil

Após a era Vargas, a Educação Brasileira é marcada pela criação do anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), projeto a qual levou 13 anos para ser aprovado e transformado em lei em 1961, quando foi considerado avançado para a época mas, envelheceu e adulterou-se no correr dos debates e nos confrontos de interesses (ARANHA, 1989).

Em 1985 após a queda da ditadura e da supremacia militar, a liderança da nação volta às mãos dos civis, surgindo movimentos estudantis e culturais, retornando às salas de aulas os debates políticos. Também são realizados estudos de nível acadêmico a fim de priorizar o processo pedagógico brasileiro, buscando solucionar problemas da educação brasileira e a recuperação do ensino nas escolas públicas (ARANHA, 1989).

Assim também ocorreu com a Educação Física, principalmente com a Educação Física Escolar Brasileira. E dentre as principais mudanças, inclui-se a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s.

Este documento, aprovado em 1.998, traz uma série de inovações ao campo da Educação Física Escolar. Seu discurso é centrado para uma educação baseada em uma perspectiva de cultura corporal de movimento, relacionando-os com temas transversais (RODRIGUES, 2002).

O PCN-EF (2001) enfatiza, em seus diversos objetivos para o ensino fundamental, a construção de valores que busquem a cidadania, a integração, a inclusão, o respeito e a criticidade à diversidade cultural de nossa sociedade.

Um dos objetivos descritos no PCN, é que os alunos precisam ser capazes de conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva.


Paralelo entre a Educação Física no Brasil e no Chile

Assim como no Chile, a educação física no Brasil também enfatiza a importância no trabalho coletivo, defendendo sua aplicação desde as series iniciais do Ensino Fundamental I.

Para Gaspari e Schawartz (2001), a Educação Física escolar é um componente curricular fundamental para o desenvolvimento integral do homem, fornecendo subsídios para sua autonomia, propiciando uma relação dialética com a sociedade.

Ele deve ocorrer em todas as atividades sejam elas brincadeiras ou jogos. No Chile a competição é mais valorizada do que no Brasil como podemos ver nos jogos competitivos, presentes nos conteúdos das séries do Ensino Fundamental II. No Brasil esses jogos são contemplados no final dos ciclos com os chamados “Interclasses,” mas não são um objetivo a ser contemplado de acordo com o conteúdo do referencial.

Outra semelhança encontrada diz respeito à valorização das danças típicas e ao folclore. Elas estão previstas nos conteúdos em ambos os referenciais.

A ginástica é outro item trabalhado em ambos os países, sendo os mesmos objetivos em seus referenciais. No Brasil a ênfase dada à ginástica é maior, por isso temos tido muito mais destaque no cenário da ginástica do que o Chile.

A natação, os acampamentos e atividades ao ar livre são muito mais valorizados no Chile do que no Brasil. Eles são mencionados em quase todos os anos da educação básica sendo muito interessante o desenvolvimento das mesmas pois o contato com a natureza colabora muito com a melhoria da qualidade de vida, que é um dos objetivos dos referenciais.

Por falar em qualidade de vida, evidentemente que ela esta presente em todas as séries de ambos os países pois é um assunto discutido mundialmente e é um dos objetivos de todos os indivíduos, independentemente da faixa etária.

Portanto, a prática de atividades físicas, como um meio da educação em saúde, é um processo educativo que visa a informar, capacitar e levar, a toda a comunidade seus benefícios; desta maneira, contribuindo para a promoção da saúde e da qualidade de vida (BETTI, 1991).

A importância do respeito aos colegas e as regras também é bem abordado em ambos os países, colaborando para o desenvolvimento da cidadania nas crianças que são o futuro da nação.

Infelizmente em ambos os países podemos notar uma diminuição no número de aulas de educação física conforme os alunos vão avançando no ciclo escolar, perdendo espaço para as disciplinas consideradas teóricas, que vão garantir o sucesso do aluno no ensino superior e no mercado de trabalho.

No geral, a grande maioria dos objetivos em ambos os países é equivalente sendo que as divergências são provenientes das diferenças culturais entre Brasil e Chile não sendo estas suficientes para considerarmos os objetivos previstos nos referenciais como discrepantes.


REFERÊNCIAS

ARANHA, M. L. História da educação. São Paulo: Moderna, 1989.

BETTI, M. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

BRASIL – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's) vol. 7, 3ª ed. Brasília: Ed. Brasília, 2001.

BRASIL – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação/ LDBEN n° 9394/96. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CHILE – MINISTÉRIO DE EDUCACIÓN. Educación Básico e Educación Física. Disponível em: http://www.curriculum-mineduc.cl/ficha/1-basico-educacion-fisica. Acesso em 30 abr. 2009.
v CHILE – MINISTÉRIO DE EDUCACIÓN. Educación Física. Disponível em: http://www.mineduc.cl/doc_planesprog/4M08_Ed_Fisica.pdf. Acesso em 30 abr. 2009.

CHILE – MINISTÉRIO DE EDUCACIÓN. Marcos Curriculares. Disponível em: http://www.curriculum-mineduc.cl/curriculum/marcos-curriculares. Acesso em 30 abr. 2009.

DE GÁSPARI, J.C.; SCHAWARTZ, G.M. Adolescência, Esporte e Qualidade de Vida. Revista Motriz, São Paulo, jul-dez, 2001.

RODRIGUES, A. T. Gênese e sentido dos PCN’s e seus desdobramentos para a educação física escolar brasileira. Rev. Brasileira de Ciências do Esporte, v.23, p.139-141, jan. 2002.






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