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A CORAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

Andréia Monique Bringel
Cristiane Santana Santiago
Joyce Prado Costa
Rosângela Lourenço da Silva
Taís Cristina de Assis


A virtude humana é algo que agrada a todos. Ser virtuoso é ter a capacidade de “dosar” as coisas, já que nenhuma das virtudes pode ser exercida em exagero.

Uma das questões centrais da Filosofia implica na seguinte idéia: as virtudes podem ou não ser ensinadas?

A resposta é simples: a virtude é algo que pode ser intrínseco ao indivíduo, ou seja, algo de nascença. Entretanto, é bem mais provável que ela seja adquirida ao longo da vida, baseada principalmente, durante a infância, em situações de imitação, ou seja, a criança “imita” e segue a conduta dos adultos que estão ao seu redor.

Durante a infância, a escola é o primeiro âmbito social no qual a criança está inserida sem a presença dos pais, ou seja, é o único ambiente em que ela se vê “sozinha”, sendo necessário assumir sua identidade e novas posturas. Contudo, para a formação de sua personalidade, o processo de ensino-aprendizagem será um grande gerador de condutas.

Segundo Sponville, de todas as virtudes humanas a coragem é a mais admirada, ao contrário da covardia, que é sempre desprezada. Entretanto, a coragem é algo muito ambíguo, já que pode servir tanto para o bem como para o mal.

Frente a esta questão, um dos desafios do professor consiste em: como ensinar e trabalhar com a virtude da coragem em sala de aula, de modo que ela esteja voltada para as ações de bem comum?

Muitos educadores buscam diversas formas e metodologias de “ensinar” a virtude da coragem, contudo o que eles não percebem é que a coragem está constantemente presente na sala de aula, principalmente em sua profissão.

Ser professor nos dias atuais não é uma tarefa simples. A diversidade e o grande número de alunos em sala desafiam muitas virtudes do educador, dentre elas a paciência e a tolerância, porém, somente a coragem é que permite o educador viver um dia após o outro, superando as barreiras impostas pelo sistema educacional e, algumas vezes, até mesmo pelos próprios alunos.

O professor necessita de coragem para enfrentar os desafios que encontra em seu caminho. Coragem para enfrentar problemas e buscar maneiras de resolvê-los. Quando o educador se depara, por exemplo, com um aluno com problemas de aprendizagem ou problemas psicológicos, é preciso que ele tenha a coragem e a sabedoria suficientes para buscar formas de ajudar esse aluno e atividades que visem à melhor forma de resolução desta situação. Afinal, o dia a dia na sala de aula é repleto de desafios e cabe ao professor ter discernimento para enfrentá-los.

Sendo assim, em meio a tantos maus exemplos em nossa sociedade, acreditamos que o professor seja um exemplo vivo de coragem para seus alunos, quando este, supera suas dificuldades, anseios, medos, incertezas, frustrações, comodismos, preconceitos, etc., e assume frente à educação uma postura corajosa de mudança, mesmo em meio a situações adversas. Pois, como diz Sponville, não é corajoso aquele que tem certeza da vitória, mas sim, aquele que mesmo diante de grande possibilidade de derrota luta pelo que acredita.

Mas também como não falar dos alunos? É fácil reconhecer neles atitudes de coragem. Reforçamos que, não tratamos aqui daquela coragem dos heróis, idealizada como a coragem de perseguir bandidos, de pular de altos edifícios ou de salvar as mocinhas, mas sim, da coragem do dia-a-dia.

No caso dos alunos, é preciso coragem para enfrentar o novo. Cada dia um novo saber, uma nova descoberta e um conhecimento prévio ou a falta dele é colocado à prova e substituído por um conhecimento ou habilidade nova. A coragem de levantar a mão e fazer um questionamento, o frio na barriga para responder a uma questão ou para dizer que não sabe a resposta, a coragem de ter que dizer ao professor que não fez a lição de casa, os trabalhos de pesquisa, as provas, as notas, a cobrança. Ser aluno também é ser corajoso.

Acreditamos que, a sala de aula é um espaço onde a coragem habita e que, tanto professor quanto aluno, podem nele aprender a cultivar e aperfeiçoar esta virtude, como dito, em favor do bem.

Contudo, além desta coragem intrínseca ao cotidiano escolar, também acreditamos que o educador pode valorizar esta virtude através da arte do teatro. O teatro é uma forma eficaz de vivência das virtudes e pode ser realizado desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.

Muitas histórias, lendas e contos trazem em sua raiz uma lição moral, uma conduta de vida que implique no exercício de determinada virtude. Sendo assim, a dramatização destas histórias pode ser uma maneira simples e eficiente de abordar não apenas a virtude da coragem, mas também todas as outras virtudes, visando acima de tudo o bem estar da vida em sociedade.

Enfim, suscitamos que todo e qualquer educador deve ter consciência da amplitude de suas ações, que afetam e influenciam constantemente a vida de muitos alunos. Desta forma, é preciso que antes de abordar a virtude da coragem através de atividades diferenciadas, ele reconheça a coragem em si mesmo e naqueles que estão ao seu redor, afinal, apenas esta percepção lhe permitirá seguir em frente em sua profissão e na busca de novas abordagens.


BIBLIOGRAFIA


SPONVILLE, André Comte. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1999.


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