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UM OLHAR SOBRE EDUCAÇÃO:
UMA ABORDAGEM A PARTIR DAS NOVAS TECNOLOGIAS



Azenath Clarissa Arcoverde Gomes de Brito
Tamara Medeiros Castilho
Marilia Moreno Lima De Oliveira
Ana Harumi Uehara

Alunas do curso de Pedagogia (Mackenzie)


RESUMO

O homem moderno adquiriu duas grandes conquistas: o direito à educação, e o direito à comunicação, ambas importantes no processo de criação e transmissão de cultura. A tecnologia é uma ferramenta interativa que poderá complementar a construção do conhecimento no meio escolar, levando em consideração que as crianças estão em contato com esse mundo digital a todo o tempo. A formação do professor deve possibilitar uma pedagogia que permite a apropriação do saber mediante diferentes metodologias que proporcionam uma criativa construção do conhecimento, valorizando a cultura dos alunos e fazê-los participar ativamente das aulas. Devemos repensar nossa postura como educadores e construir, a partir disso, uma nova escola. Desta análise, nós reavaliamos a relação da escola e a comunicação para a formação do sujeito. Apesar do olhar pessimista sobre a educação, acreditamos haver possibilidades de mudança. Deste modo, nossos referenciais teóricos nos levam a acreditar que a escola e a comunicação podem ser mecanismos de reprodução, no entanto, elas não se limitam a isto, pois se dão de forma muito complexa. A partir das perspectivas acima citadas esperamos ampliar este campo de estudos.

Palavras-chave:
Educação; Tecnologia; Formação de professores.



INTRODUÇÃO

Devido a influência das novas tecnologias na educação, fazer uma análise teórica sobre esta temática se faz importante para a formação de professores.

A proposta deste trabalho é, a partir da análise do artigo científico “Tecnologia e formação de professores: Rumo a uma pedagogia?” da professora do Departamento de Metodologia de Ensino, Centro de Ciências da Educação da UFSC, Maria Luiza Belloni, (re)construir um novo olhar sobre o impacto ou não das tecnologias na formação de professores. O artigo foi escolhido por ser a formação de professores um tema bastante atual que tem sido alvo de pesquisas científicas e quando não, também discutido sobre a importância da mídia no contexto da educação. Um assunto que tem dialogado não só com as novas tecnologias, mas também com a questão da formação continuada, da qualidade de ensino, do currículo escolar, das relações étnico-raciais, dentre outros.

A crescente utilização das mídias pelos diversos segmentos sociais tem resultado numa sociedade cada vez mais aberta e inovadora, mas que causa, porém, medo e terror no meio escolar quando este tem que encarar a situação da educação não mais sob sua exclusividade. A escola deve não só assegurar a democratização do acesso aos meios técnicos mais sofisticados de comunicação, mas ir além, estimular e dar condições, preparar as novas gerações para a apropriação ativa e crítica dessas novas tecnologias (BELLONI, 1998,).

Decorrente desta colocação podemos avaliar nossas possibilidades como educadores - o que podemos e o que nos é solicitado atualmente.

Para dar conta de nossa proposta, pautada, inicialmente, nas colocações de BELLONI(1998), procuramos associar alguns teóricos como BORDIEU(1989 - 1998); BORDIEU e PASSERON(1970); DOLGHIE(2008); COSTA(s.d.); BORGES e BRANDÃO (2005); MONTEIRO e SPELLER (s.d.), por discutirem a temática educação e por nos levar a refletir sobre os aspectos que permeiam a utilização (ou não) das novas tecnologias no espaço escolar, ou da educação.


PÓS-MODERNIDADE, EDUCAÇÃO E CIDADANIA

Podemos iniciar novas reflexões a partir do conceito de que o homem moderno adquiriu duas grandes conquistas: o direito à educação, e o direito à comunicação, ambas importantes no processo de criação e transmissão de cultura. Essas duas conquistas têm por ideal formar um indivíduo emancipado e moralmente autônomo. Tal projeto de modernidade, no entanto, é algo revolucionário e ousado, e apresenta um longo caminho – o de sair do imaginário para ser concretizado que:
Na utopia iluminista, a educação desempenhava um papel social de grande importância, inédito na história da humanidade: coerente com a crença no progresso baseado no saber, o projeto da modernidade atribuiu à escola a função de socializar as novas gerações, formando os futuros cidadãos respeitadores das instituições sociais e do Estado. (BELLONI, 1998)

Isso se torna mais evidente na passagem do século XIX na Revolução Industrial quando a escola evoluiu do ideal de emancipação para local de reprodução das desigualdades sociais e que no Terceiro Milênio, passa a refletir a concepção de que o cidadão tenha que saber ‘ler e escrever’ em todas as línguas do universo informacional em que está imerso. (BELLONI, 1998)
v A crescente utilização das mídias nos meios sociais têm resultado em uma sociedade cada vez mais aberta e inovadora, causando, porém, medo e terror no meio escolar que encara a situação como uma ameaça, ou seja, a de perder o espaço (educacional) que antes era apenas seu.
v Paulo Freire vê de maneira desfavorável esta concepção uma vez que considera que a escola deva olhar a tecnologia não como uma adversária em potencial, mas como uma ferramenta interativa que pode vir complementar a construção do conhecimento. Se a escola for de fato competir com as tecnologias ela poderá perder terreno, tendo em vista que os alunos estão em contato com o mundo digital o tempo todo e quando vão à escola acabam por se depararem com ferramentas subutilizadas, professores com metodologias ultrapassadas, que não articulam a teoria com a prática (BORGES; BRANDÃO, 2005).

Certamente esta constatação pode levar as escolas a manterem-se fechadas ou reclusas para a utilização das tecnologias, e abre espaço para aquilo que é mais atraente e ensinável e que se encontra fora de seus muros.

A escola apega-se ainda aos espaços e tempos “fechados” do prédio, da sala de aula, do livro didático, dos conteúdos curriculares extensivos, defendendo-se da inovação. (BELLONI, 1998)

Diante disto questionamos qual o papel da educação na pós-modernidade? Devemos ainda esperar que ela tenha o caráter emancipador?

Ao longo dos séculos o conceito de escola foi se transformando, de período em período esta instituição modificou suas funções e expectativas. No Iluminismo, por exemplo, havia a concepção de uma nova função para a escola que a tornava revolucionária. Segundo este movimento os saberes transmitidos pela educação formal levariam o mundo ao progresso. Já no positivismo, defendia-se que a partir do desenvolvimento da ciência o mundo evoluiria assim todos os problemas da humanidade acabariam, inclusive as desigualdades sociais. (BELLONI, 1998)

Com o passar dos anos vimos que a ciência evoluiu, entretanto, os problemas só aumentaram. A escola foi repensada de forma mais crítica e cuidadosa. Sob o olhar de Bourdieu é possível compreender a escola como fundamental, pois ele afirma que esta instituição nada mais é que um lugar extremamente eficiente de reprodução das desigualdades (BELLONI, 1998). O sistema educacional é perverso desde o recrutamento dos alunos, pois suscita nas classes populares a esperança de adentrar na vida escolar, e em sua própria dinâmica acaba por perpetuar e legitimar a desigualdade social.

A partir de sanções neutras a escola valoriza os dons e os méritos, e por meio destes, justifica o fracasso das classes populares que não compartilham um determinado capital cultural. Pela ideologia do dom, o processo educacional revela as inaptidões naturais dos sujeitos, justificadas através da inferioridade e isto projetará os indivíduos a seus destinos sociais que conforme Bourdieu

A parte mais importante e mais ativa (escolarmente) da herança cultural quer se trate da cultura livre ou da língua, transmite-se de maneira osmótica mesmo na falta de qualquer esforço metódico e de qualquer ação manifesta. Isto contribui para reforçar nos membros da classe culta a convicção de que eles só devem aos seus dons esses conhecimentos, aptidões e atitudes, desse modo, não lhes parecem resultar de uma aprendizagem. (BOURDIEU, 1998, p.46)

Para ele, durante o processo de escolarização as pessoas sofrem violência simbólica que “(...) entende-se todo o poder de impor determinadas significações como legítimas e que se exerce exatamente na dissimulação das forças que lhe são intrínsecas.” (DOLGHIE, 2008, p. 19)

A classe dominante é o lugar de uma luta pela hierarquia dos princípios de hierarquização: as facções dominantes, cujo poder assenta no capital econômico, têm em vista impor a legitimidade da sua dominação quer por meio da própria produção simbólica, quer por intermédio dos ideólogos conservadores os quais só verdadeiramente servem os interesses dos dominantes por acréscimo, ameaçando sempre desviar em seu proveito o poder de definição do mundo social que detêm por delegação; a facção dominada (letrados ou «intelectuais» e «artistas», segundo a época) tende sempre a colocar o capital específico a que ela deve a sua posição, no topo da hierarquia dos princípios de hierarquização. (BORDIEU, 1989, p.12)
v Decorrente destas relações, a família enquanto instituição pertencente à facção dominante/dominada passa a ser responsável pela transmissão do capital cultural, “(...) sistema de valores implícitos e profundamente interiorizados” (BOURDIEU,1998, p.42) que facilitará o processo escolar do indivíduo, contribuindo, conseqüentemente, ao seu sucesso ou insucesso.

Deste modo, cabe a reflexão sobre o conceito trabalhado por Gramsci de que a educação serve a um poder hegemônico, logo não tem o poder de emancipar e sim de apenas regular a cultura. (BELLONI, 1998)

Posterior a esta análise sobre reprodução e hegemonia parece-nos ingênuo falar a respeito de emancipação, pois “(...) a base econômica ainda é capitalista e sua ideologia neoliberal ainda mantém a hegemonia em quase todo o planeta.” (BELLONI, 1998)

A partir disto podemos avaliar nossas possibilidades como educadores, o que podemos e o que nos é determinado, e assim repensar o conceito de emancipação para além da sala de aula, refletindo sobre o que é intrínseco e extrínseco à comunicação.

Por este viés podemos analisar ainda a comunicação a partir dos estudiosos da Escola de Frankfurt, mas que, entretanto, atualmente não cabe mais. E, que, segundo Dolghie (2008), a comunicação é mais bem compreendida pelos “estudos culturais”, visto que o receptor deixa de ser passivo e passa a exercer papel fundamental para o fenômeno da comunicação. Deste modo, as relações se dão de forma complexa em uma perspectiva dialética. (DOLGHIE, 2008)

Do mesmo modo que somos desafiados a compreender os meandros da comunicação, também somos desafiados a compreender o contexto da educação e nos questionamos: será que os receptores, os alunos, são de fato passivos?

Hall afirma que o signo não esta preso a um significado. Nisto a mensagem é emancipadora, porque escapa de um controle total de interpretação. Embora a mensagem contenha uma espécie de leitura preferencial, que seria a interpretação desejada, existem outras leituras possíveis. (Apud DOLGHIE, 2008, p. 26)

Decorrente da concepção acima poderíamos afirmar que existe a possibilidade de rebeldia e resistência? Acreditamos que sim. A comunicação e a escola podem ser meios de regulação da cultura e propaganda da hegemonia, entretanto, se não houvesse tais possibilidades não estaríamos discutindo temas como esses.

Cabe, então, aqui, a reflexão sobre como poder e resistência dialogam. Não são os conteúdos em si que determinam esta complexa relação, pois estes mudam devido a lutas de poder e que, segundo a autora “Com isso o essencial da análise fica focado na tensão dialética entre cultura popular e cultura dominante.” (DOLGHIE, 2008, p. 34)

Bordieu (1970) em seu livro Reprodução nos mostra a questão do capital cultural e da comunicação pedagógica quando estuda o capital lingüístico presente nas classes sociais. O autor afirma que:

(...) se parte dos estudantes das classes populares que ascende à Universidade viesse a aumentar de modo sensível, o grau de seleção relativo a esses estudantes compensaria cada vez menos, enfraquecendo-se as desvantagens escolares ligadas às desigualdades da distribuição do capital lingüístico e cultural entre as classes sociais (BORDIEU, 1970, p 86).

Vemos, portanto, que a educação e a comunicação se apresentam como um espaço de lutas entre grupos e interesses contraditórios, apropriando-se desigualmente do capital simbólico (BELLONI, 1998).

Constatamos principalmente nas escolas particulares, a existência de ferramentas tecnológicas disponíveis nas salas de aula e de como são consumidoras em potencial das mídias. Além de as utilizarem em sala de aula, elas as aproveitam para a divulgação de sua imagem na sociedade, contrariamente às instituições públicas que recebem investimentos insuficientes e resistem às mudanças e à incorporação de novas técnicas. Estas comumente não dispõem de um laboratório de informática ou quando o possui, tem computadores sucateados e com professores que não foram/estão preparados para a utilização dos mesmos como um recurso pedagógico e que resulta, muitas vezes, em ‘aulas-lazer' ou 'aulas-tapa-buraco'. “A escola ainda não conseguiu integrar esses bens culturais produzidos pelas mídias e que são consumidos pela maioria dos alunos, consumo este desigualmente distribuído entre os grupos sociais”. (BELLONI, 1998)

Podemos depreender então que, o aluno pode não ter aproximação com os recursos tecnológicos dentro da escola, mas poderá, facilmente, ter acesso a eles fora do ambiente escolar, pois uma lan house pode ser encontrada tanto nas metrópoles como até em cidades com pouco menos de 50 mil habitantes, por exemplo.

A tecnologia não é algo distante e surreal; ela está presente quando pessoas vão ao supermercado, ao cinema, ao metrô; quando olham os anúncios publicitários, quando vêem televisão, quando ouvem rádio e em outras várias situações. Todos esses meios que se respaldam nos recursos tecnológicos, portanto, podem estar a serviço da educação e do sujeito e que, portanto,

Cabe a escola não só assegurar a democratização do acesso aos meios técnicos de comunicação os mais sofisticados, mas ir além e estimular, dar condições, preparar as novas gerações para a apropriação ativa e crítica dessas novas tecnologias. (BELLONI, 1998)


AS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

O mundo pós-moderno gerou mudanças tecnológicas rápidas e avassaladoras, criando incertezas no campo educacional. Desta forma,

O professor sente a necessidade de uma formação contínua e continuada, capaz de ajudar na imprescindível atualização de saberes e processos, de tornar num verdadeiro agente curricular, numa atitude de permanente reflexão-acção.(COSTA, s.d., s.p)

Então, questionamos até que ponto entra em questão o modelo de professor que tem a capacidade da auto-reflexão sobre suas práticas. De acordo com Belloni (1998) a reflexão sobre a própria prática pedagógica cria um conhecimento específico, ligando a ação que só pode ser constituída pelo contato com a prática educativa, pois é um conhecimento pessoal. Demonstra que o educador de hoje não pode ser um mero transmissor de conhecimento, mas sim um profissional-pesquisador que permita que seus alunos desenvolvam as suas capacidades e competências.

Segundo Costa (s.d.), “o ensino-aprendizagem perpassa situações contextualizadas e contextualizantes de uma educação nascida na vida e nela centrada” (COSTA, s.d, s.p.). Deste modo, o professor precisa se conscientizar de que precisa ter uma formação contextualizada e que esteja dialogando com as mudanças que estão em sua volta.

Se os cenários atuais canalizam para o adentramento às mudanças e novas práticas, os professores precisam romper fronteiras que os impedem de compreender e associar as novas necessidades e processos. É preciso re(criar) espaços de reflexão e construção coletiva acerca do âmbito de sua atuação – as especificidades que emergem do contexto da escola e da sala de aula. A partir de NÓVOA apud MONTEIRO; SPELLER (s.d., s.p), tem-se quatro pressupostos traduzidos em:


1. É preciso que os professores adquiram maior poder político, no sentido lato do termo, o que implica a invenção de modalidades associativas que ultrapassem as formas sindicais tradicionais e que exprimam as novas necessidades de organização profissional.

2. É preciso que os professores conquistem maior visibilidade social, afirmando publicamente os seus saberes, por meio da presença nos espaços de debate (orais e escritos), não renunciando a ter uma voz própria diferente da dos restantes atores educativos.

3. É preciso que os professores encontrem processos equilibrados de relacionamento com as comunidades científicas, nomeadamente na área das ciências da educação.

4. É necessário que construam lugares de partilha e de reflexão coletiva, particularmente no seio das escolas, que dêem corpo a dinâmicas de auto-formação participada.


Diante do exposto é possível compreender que todo processo de auto-criação deve fazer parte da identidade do profissional. Assim, o educador tem que criar estratégias de ação que, embora não podendo efetuar mudanças à sociedade como um todo, realiza, dentro de sala de aula, transformações por meio de sua prática, ou seja, modifica seus alunos perante uma dada realidade.

Segundo Belloni (1998) há pesquisadores que consideram a tecnologia como fundamento para uma nova pedagogia; uma pedagogia que permite a apropriação do saber mediante diferentes metodologias que possibilitam uma criativa construção do conhecimento, valorizando a cultura dos alunos e os fazendo participar ativamente das aulas.

Compreender que a tecnologia deve estar a serviço do homem e que a máquina por si só não pode ou irá restringir o ser humano de sua autonomia, é assumir uma intencionalidade que pode e deve refletir nas propostas educacionais, de formação discente, por exemplo. Assim, a escola se usuária dos recursos tecnológicos, deve propiciar a boa integração dos meios de comunicação e de informática em prol da (re)construção de conhecimentos. O professor embasado em estratégias integradoras e interdisciplinares por meio dos suportes midiáticos (escrito, vídeo, áudio, multimídia) pode e deve desenvolver propostas inovadoras para a discussão de temas no meio acadêmico. “(...) é preciso equipar laboratórios e criar midiatecas, possibilitando aos estudantes a operação dos equipamentos e o contato com materiais pedagógicos em suportes tecnológicos.” (BELLONI, 1998)

Embora reconhecendo sua importância para o meio educacional, algumas tendências apresentam outras visões sobre o uso das tecnologias.

Segundo Perriault (apud BELLONI, 1998) a evolução do uso das mídias para a educação evidencia tendências divergentes e aborda duas categorias:



A primeira tem a visão das mídias relacionando o ser humano a uma máquina, extraindo informações que resultam em conhecimentos.

A segunda tem as mídias proporcionando a interação entre seres humanos, para a troca de informações e construção de novos conhecimentos.

Na primeira categoria tem-se a utilização do computador, livros, vídeos e CD-ROMs, por exemplo. Na segunda encontram-se as trocas telefônicas, videoconferências interativas e alguns usos de redes informáticas.

As tecnologias, é preciso enfatizar, são meios úteis para a construção e difusão de conhecimentos e que não apresentam riscos de tornar o indivíduo “ desumanizado”, porém, voltamos a ressaltar, tudo vai depender da forma como as mesmas são utilizadas – quais propostas, quais objetivos e finalidades.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, a instituição escolar tende a ser considerada cada vez mais, tanto pelas famílias quanto pelos próprios alunos, como um engodo, fonte de uma imensa decepção coletiva: essa espécie de terra prometida, semelhante ao horizonte, que recua na medida em que se avança em sua direção. (BOURDIEU, 1998, p.221)

O pensamento de Bourdieu nos faz lembrar, por analogia, como os atores sociais têm pensado a educação escolar em associação aos recursos tecnológicos. De que maneira a escola tem recuado frente às novas propostas de Educação a Distância, tele e videoconferência, imagens televisivas e fílmicas na sala de aula dentre outros recursos e ferramentas tecnológicas. Apesar deste olhar pessimista(?) sobre a educação, acreditamos haver possibilidades de mudança.

Ao nos reportarmos à perspectiva de Freire vemos que a educação pode alguma coisa, logo, devemos repensar nossa postura como educadores e construir, a partir disso, uma nova escola.

Introduzir as novas tecnologias faz todo sentido, depreendemos, pois atualmente as mídias são de fácil acesso a boa parte da população. Quando a escola fecha suas portas a estes recursos, ela não estaria colaborando para outra situação de exclusão de seus alunos?

Diante dessa análise reavaliamos a relação escola e comunicação para a formação do sujeito. Os referenciais teóricos nos levam a acreditar que a escola e a comunicação podem ser mecanismos de reprodução, no entanto, elas não se limitam a isto, pois se dão de forma muito complexa. Uma análise mais cautelosa nos levará a outra reflexão que nos mostra diversas possibilidades em um mesmo processo - aquela que reproduz pode ser aquela que emancipa.

Uma boa formação do professor se faz necessária, pois além dos desafios da rotina escolar, o educador deve estar atento às novidades tecnológicas, pois o mundo está se modificando constantemente e o aluno está imerso nesta nova realidade. O professor por saber que o conhecimento é interligado, não pode negar a presença da tecnologia na vivência cotidiana dos educandos e por isso defendemos uma prática flexível que leve em conta este sujeito atual – seu aluno real. Discutir o papel do docente neste novo contexto – educação escolar/novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) - é fundamental, pois dia após dia a realidade se transforma e exige, mais do que nunca, um olhar sensível para sua utilização.

Acreditamos, portanto, que a dinâmica entre a educação e as novas tecnologias seja de fato benéfica para a constituição de uma prática pedagógica que visa à socialização do conhecimento, não apenas a transmissão.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BORGES, L; BRANDÃO, S. Diálogo com Paulo Freire: teoria e práticas de Educação Popular. Taramandaí: Isis, 2005.

BORDIEU, P. Escritos de Educação. NOGUEIRA, M. A.; CATANI, A. (org.). 8 ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

BORDIEU, P. Poder Simbólico. Tradução: Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Memória e Sociedade, 1989.

BORDIEU, P; PASSERON, J. C. A reprodução: elemento para uma teoria do sistema de ensino. Tradução: Reynaldo Bairão. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S.A, 1970.

COSTA, V.A. Formação contínua na pós-modernidade. Disponível em: <_ HYPERLINK "http://www.cf-francisco-holanda.rcts.pt/public/elo8/elo8_28.htm"__http://www.cf-francisco-holanda.rcts.pt/public/elo8/elo8_28.htm_> Acesso em: 26 abr. 2009

DOLGHIE, J.Z. Comunicação, cultura e educação: perspectivas teóricas. IN: DOLGHIE, J.Z., FONTELES, H. A., CAMPOS, B. M. Cultura, Mídia e Educação: abordagens transdisciplinares. São Paulo: LivroPronto, 2008.

MONTEIRO, S. B.; SPELLER, P. Formação docente e as questões da pós-modernidade. Disponível em: _ HYPERLINK "http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev13/form_docente_e_as_quest.html" _http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev13/form_docente_e_as_quest.html_ - Acesso em: maio de 2009.




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