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MÍDIA, CULTURA E EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES


Alana Garcez
Amanda Pelegrino
Ana Paula dos Santos
Elaíde Lemos

Alunas do curso de Pedagogia (Mackenzie)


RESUMO

Este trabalho tem como finalidade entender como a mídia, a cultura e a educação estão intimamente relacionadas e integradas no processo de ensinagem, além de propor uma reflexão frente às estratégias utilizadas pelos meios de comunicação para moldar atitudes e pensamentos. Para isso, realizamos uma pesquisa de campo no novo Museu da cidade de São Paulo - O Catavento Cultural e Educacional - onde pudemos analisar as influências da comunicação no processo de formação dos alunos por meio de mídias. Constata-se que há um enorme uso de mídia audiovisuais para divulgação de conteúdos, contudo observa-se que muitos desses são vulgarizados nesses meios eletrônicos.

Palavras-Chave:
Mídia; Cultura; Educação; Escola.




INTRODUÇÃO

A pesquisa foi realizada no Museu de Ciência Catavento Cultural e Educacional, localizado no Parque Dom Pedro II, Região Central da cidade de São Paulo. Este museu foi pensado para complementar o ensino oferecido pela escola servindo, portanto, como reforço para alunos dos níveis fundamental e médio. O mesmo é dividido em quatro seções (Universo, Vida, Engenho e Sociedade) distribuídas em dois pavimentos (térreo e 1º andar). O atendimento aos visitantes é feito por um monitor responsável por levá-los aos espaços a serem visitados cabendo a este, também, ministrar o conteúdo de sua seção. O espaço é todo midiatizado, o que oportunizou uma análise precisa frente às interlocuções entre mídia, cultura e a educação.


MÍDIA, CULTURA E EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

Antes de pontuarmos nossas observações a respeito do que foi presenciado no Museu de Ciência: frente às influências da Mídia no processo de ensinagem gostaríamos de discutir que está surgindo em meio aos espaços escolares uma espécie de “Escola Paralela”1, que vem se tornando mais atrativa e eficaz para a transmissão de informação. Todavia, a sociedade está se servindo dessa “Escola Paralela” ingenuamente, interiorizando informações que muitas vezes transmitem ideologias de forma sutil, mas com intencionalidade.

A partir de debates em sala de aula partimos do pressuposto de que a Cultura é conjunto da memória, costumes, crenças de um povo. Esta passa por um processo comunicacional torna-se mensagem e pode sofrer influência do meio. Conclui-se, então, que a cultura tem relação direta com a comunicação de massa e com a mídia.

Conforme apregoa Fonteles (2008), a educação define-se, grosso modo, por um processo de ensinagem pelo qual é transmitido conteúdos (carregados de valores e ideologias) de maneira ordenada e sistematizada considerando que, para se ensinar, é necessário saber o que e como ensinar.

Conforme Fonteles (2008), a mídia é um artefato (suporte) de comunicação que facilita a educação dos sujeitos envolvidos no processo comunicacional com a participação de um mediador. A mesma pode veicular informações em diversos formatos subdividindo-se em três categorias: mídia primária, mídia secundária e mídia terciária, proposto por Baitello Jr (2005)
v Segundo Fonteles (2008), na Mídia Primária o corpo (sentidos) é o principal suporte de comunicação, sendo utilizado nos rituais para manifestação da fé, ensino das tradições e nas interações entre dois ou mais sujeitos. Já a Mídia Secundária, surgiu com a evolução da escrita. É entendida como tudo aquilo além do corpo. Por Mídia Terciária compreende-se as imagens transmitidas pelos aparelhos eletrônicos que tendem a ser auto-explicativas. Estas tentam emancipar o sujeito de pensar continuamente.

Segundo Morin (1997), o processo de evolução da mídia fez com que esta sofresse uma espécie de “vulgarização”, ou seja, a mídia teve de se tornar menos complexa para poder ser assimilada por um maior número de pessoas. Essa vulgarização se dá por meio da maniqueização, simplificação e modernização dos produtos e consequentemente dos conteúdos veiculados nesses. A maniqueização, foco no binarismo cujas disputas entre o bem e o mal faz com que os sujeitos envolvidos no processo comunicacional passem por um processo de projeção-identificação, interiorizando o personagem ou o conteúdo e valores propostos. Esse processo também pode ser chamado de participação estética (no Museu algumas salas viabilizam a projeção-identificação mencionada acima como, por exemplo, a sala de Nanotecnologia, Prevenção da Gravidez Juvenil, Jogos do Poder, Alertas etc.). Quanto à simplificação e a modernização dos produtos/conteúdos, o principal objetivo é fazer com que os esses se tornem mais inteligíveis pelos consumidores. Conforme Fonteles (2008), daí a necessidade de se retirar dos conteúdos as complexidades, simplificando-os, despolitizando os mesmos.

Ao observarmos a forma como as informações/conteúdos eram veiculadas no Catavento Cultural e Educacional podemos concluir, no que diz respeito à mídia, que o campo visual é mais estimulado que os demais sentidos, pois a abundância de imagens e vídeos tendem a desviar o olhar do observador fazendo-os ignorar que tudo o que é veiculado dessa forma transmite algo de forma sutil ou explícita a favor ou contra algo ou alguém. Esconde-se as funcionalidades e intenções dos produtores, dando uma aparência neutra aos conteúdos.

No Catavento Cultural e Educacional as pessoas são convidadas a ampliar o conhecimento por meio de uma experiência diferenciada daquela encontrada no espaço escolar, todavia, muitos possuem uma ingenuidade e/ou ignorância e não conseguem perceber o que há nas entrelinhas, ou seja, o conhecimento que pode ser adquirido naquele espaço vai muito além das imagens.

Há de se tomar cuidado quando se fala da utilização da mídia, pois esta veicula informações permeadas de valores e ideologias. Cabe nesse momento a intervenção do mediador que são os monitores e/ou professores. Sendo estes os mediadores entre a informação veiculada pela mídia e o sujeito receptor dessa informação, devem tentar desenvolver em seus alunos a criticidade, isso para que não sejam manipulados por ideologias dominantes presentes nas mensagens.

A criticidade se faz necessária em todo processo comunicacional, pois segundo Freire (1986), “... pensar em televisão ou na mídia em geral nos põe o problema da comunicação, processo impossível de ser neutro”. Nesse sentido, os educadores devem refletir sobre os meios de comunicação e trazer para a vivência de seus alunos questionamentos a respeito da influência que estes meios têm sobre algumas pessoas. O professor deve oportunizar o pensar crítico e a análise frente ao processo comunicacional.

Segundo Paulo Freire (1986), as mídias podem ser vistas como “meios de comunicação fantásticos”, pois elas passam informações que influenciam as pessoas e, de certa forma, moldam suas atitudes se tornando uma espécie de “Escola Paralela” - espaço onde os alunos adquirem conhecimentos antes mesmo de ir à escola.

Freire pontua que há uma grande diferença entre o público atingido pela mídia em detrimento ao público atingido pela escola, todavia, a escola não tem que brigar com estes meios de comunicação, muito pelo contrário, ela deve dialogar com estes meios de comunicação e renovar a interação entre os sujeitos envolvidos no processo comunicacional, favorecendo a ensinagem.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que os impactos causados pela utilização das mídias sejam em espaços escolares ou não, são gigantescos. O fator que destacamos em meio ao processo comunicacional de ensinagem envolvendo mídia, mensagem, mediador e receptor da mensagem está presente nos valores e ideologias que permeiam esse processo. O que fica para nós como aprendizado no desenvolvimento desse trabalho é que os saberes acumulados e transmitidos não devem ser aceitos sem que antes sejam analisados criticamente, pois muito se observa sujeitos alienados por acolherem tudo o que lhes é colocado sem qualquer critério de escolha, incucando e transmitindo mensagens de uma minoria dominante carregadas de ideologias e valores.


REFERÊNCIAS

BAITELLO Jr.., N. A era da iconofagia. Ensaios de comunicação e cultura. São Paulo: Hackers editores, 2005.

FONTELES, H. A. O Processo de vulgarização na escola pela mídia. In: DOLGHIE, Jacqueline; FONTELES, Heinrich; CAMPOS, Breno Martins. (Org.). Cultura, Mídia e Educação: abordagens transdisciplinares. São Paulo: Livro Pronto, 2008, p. 1-80.

FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Sobre educação: diálogos. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

MORIN, E. Cultura de Massa no século XX: neurose. Tradução de Maura Ribeiro Sardinha 9. ed, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.


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