O MARINHEIRO

Phelipe Soares da Silva(*)


Lançou-se à vela
Tão certa e direcionada às bordas de mim,
Como se houvesse um fim
Não consigo imaginar tudo que ficará para trás
Agora sou eu e o ranger da madeira velha
Que se confunde com o som dos ossos meus
Não existe mais nada tão jovem aqui
Minha ancorada alma foi desprendida
Por um vento leve, quase um sopro
Agora, nas coisas que são minhas
Nos fragmentos que de mim conheço
Neles eu me apego, atraco, faço um lar
Como se tivessem o poder de me lançar a léguas
Mas são só vapor de um paquete velho
E quem me dera houvesse um jeito de dizer
Que fosse capaz de fazer você entender
Que te aproximasse das orlas não avistadas
Do canal entre o que sou e o que estou
Que transformasse em belo esse meu mar gelado
E para quem eu desejo, tornasse-me cais
Ah, esses meus anseios…
Essa caldeira que me mantém em movimento
Uma chama sem freio
Que consome até meus cascos velhos
Tudo seca, traz sede demais
Mas essa água com sal nunca irá me saciar
O gélido mar que me encontro
Esse sim é meu confronto
O inimigo do fogo meu
Já tanto faz se abro ou fecho os olhos
Pois não existe constelação para se guiar
Logo eu, que para ti queria ser um farol
Nem de mim pude ser capitão
Sou apenas marinheiro em devaneios
Sonhando ser Poseidon
Controlar as ondas, trazer-te na maré
Fazer do azul o nosso tom


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(*) Phelipe Soares da Silva é aluno do curso de Filosofia da Universidade Mackenzie.


Revista Pandora

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