PALAVRAS, GESTOS, PRESENÇAS
Juan Bonilla(*)
1
palavras, gestos, presenças
todas perderam o sentido
todas
de fato sozinho era uno, suficiente,
quando pensado em algo maior
era apenas metade, faltava
e por pensar sempre em fazer parte,
ser não bastava a si mesmo
caindo em tristezas por não se sentir completo
2
saudade que carrego não é sua
longe de ser
saudades de você é suicídio
pensar só consigo em nós
saudade tenho de nós, de como somos nós
esse momento onde nos temos
acho que pertencemos
vivemos separados sendo nós
me desamarre
3
vou te contar um segredo, criança
provável que com isso estrague a graça da vida
tristeza é o que dá sentido pra vida
é quando se está triste que se tem certeza
certeza de quando você estava feliz,
quando está,
descobre que a felicidade existiu
sente falta
me desculpe por estragar a surpresa,
prefiro te ver brava comigo que
de coração partido sozinha
4
quando eu tive que te deixar,
fui obrigado, saiba, era isso ou o fim
fazia tempo já que eu me desfazia
me desfiz
meus pedaços caíram a cada sorriso e lágrima sua
hoje eu, longe e refeito,
inteiro como fui antes de te saber
meus pedaços ainda estão no chão,
de você até mim, sempre estarão
temo que um dia você os siga e me alcance
alcance
5
de cristais éramos, lindos e puros
nos apaixonamos intensamente e dançamos o mais rápido o possível
cristais éramos
lindos e perfeitos inteiros,
malditos em cacos quebrados
nos queríamos tanto que nos tivémos voamos uns aos outros querendo apenas ser
não eu, não você
nós
estilhaçamo-nos em milhares de malditos cacos quebrados
matamos a nós, eu morri e você morreu
as cortinas se fecham, sem aplausos
matamos toda a platéia com nosso espetáculo
6
espero que nunca vá
fica frio quando você se vai
te fica frio quando me vou
nos condenamos por nos amarmos tanto
não podemos mais ser dois, apenas um
nada sobra de mim, se não mais o que sou por você
e vice-versa
**************
(*) Juan Bonilla é formado em Filosofia pela Universidade Mackenzie.
palavras, gestos, presenças
todas perderam o sentido
todas
de fato sozinho era uno, suficiente,
quando pensado em algo maior
era apenas metade, faltava
e por pensar sempre em fazer parte,
ser não bastava a si mesmo
caindo em tristezas por não se sentir completo
2
saudade que carrego não é sua
longe de ser
saudades de você é suicídio
pensar só consigo em nós
saudade tenho de nós, de como somos nós
esse momento onde nos temos
acho que pertencemos
vivemos separados sendo nós
me desamarre
3
vou te contar um segredo, criança
provável que com isso estrague a graça da vida
tristeza é o que dá sentido pra vida
é quando se está triste que se tem certeza
certeza de quando você estava feliz,
quando está,
descobre que a felicidade existiu
sente falta
me desculpe por estragar a surpresa,
prefiro te ver brava comigo que
de coração partido sozinha
4
quando eu tive que te deixar,
fui obrigado, saiba, era isso ou o fim
fazia tempo já que eu me desfazia
me desfiz
meus pedaços caíram a cada sorriso e lágrima sua
hoje eu, longe e refeito,
inteiro como fui antes de te saber
meus pedaços ainda estão no chão,
de você até mim, sempre estarão
temo que um dia você os siga e me alcance
alcance
5
de cristais éramos, lindos e puros
nos apaixonamos intensamente e dançamos o mais rápido o possível
cristais éramos
lindos e perfeitos inteiros,
malditos em cacos quebrados
nos queríamos tanto que nos tivémos voamos uns aos outros querendo apenas ser
não eu, não você
nós
estilhaçamo-nos em milhares de malditos cacos quebrados
matamos a nós, eu morri e você morreu
as cortinas se fecham, sem aplausos
matamos toda a platéia com nosso espetáculo
6
espero que nunca vá
fica frio quando você se vai
te fica frio quando me vou
nos condenamos por nos amarmos tanto
não podemos mais ser dois, apenas um
nada sobra de mim, se não mais o que sou por você
e vice-versa
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(*) Juan Bonilla é formado em Filosofia pela Universidade Mackenzie.