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EDUCADOR: ETERNO APRENDIZ!

Elvira Varjão M. Fueta

Este texto teve origem em um comentário feito de forma pejorativa por parte dos educadores da escola pública em que estuda meu filho. "A sala tal é um lixo", "tal aluno é um lixo" não é um discurso que combine com educadores. A posição de Paulo Freire perante este tipo de discurso, certamente nos remeteria à Pedagogia do Oprimido: "Mestre não é aquele que sempre ensina, mas aquele que de repente, aprende." Uma outra frase me veio a mente: "Quem não se senta para aprender, não pode se levantar para ensinar." E falando em "lixo" que tal reciclá-los, começando com os educadores?

Os textos apresentados neste semestre e as intervenções feitas pelo nosso professor, nos fizeram pensar em que metodologia seria apropriada para esta tarefa. O que leva um educador a se expressar assim? O stress, a estagnação, talvez a decepção com a profissão, ou a falta de preparo. Caso a resposta seja a expressão de um sentimento de fracasso, cito Darcy Ribeiro:

“Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”


Platão e Aristóteles chamaram à atenção para o fato de que o filosofar é natural do homem. Mas por onde começar esta prática em nossos estabelecimentos de ensino? Não há uma forma específica e universal de pedagogia (se bem que essa é a utopia de educadores e sociólogos). A metodologia utilizada deve ser adaptada a cada contexto social de forma a favorecer o aprendizado.

Dentre os principais expoentes da área da educação, o maior exemplo de educador e mestre está em Jesus Cristo. Ele levava o educando à aprendizagem perfeita e eficaz através da vários métodos, utilizando uma linguagem simples e cotidiana, mostrando respeito pela cultura (no sentido antropológico) e pelo individuo, ajudando-o a aprender e muitas vezes, inserindo-o novamente na sociedade. Dentre estes métodos, podemos citar dois:

Método de Discussão: Também chamado de debate orientado, tendo como seqüência pergunta, argumentação,análise, seguida de resposta, ou fechamento (Lc 24, 15-32);

Método áudio visual: Os registros mais antigos das primeiras civilizações trazidos à luz pela arqueologia estão em forma de desenhos. Neste método o ensino é transmitido é ouvida e vista, combinando dois poderosos canais de comunicação na aprendizagem; (Mc 12, 15-17).

Ensinar exige responsabilidade, paciência, compreensão e perseverança. Neste sentido, o educador precisa avaliar quem seria seu aluno no ensino médio, como ele pensa o mundo, o que ele vê, qual é a linguagem que poderá ser utilizada? Acreditamos que a leitura de textos curtos, ou seja fragmentos de alguns textos podem ser utilizados, seguidos de discussão, apresentação, podendo ser prolongada a apresentação das idéias principais, através de uma exposição na escola. O professor de filosofia encontrará obstáculos, todo problema de aprendizagem demanda soluções. A solução de problemas e a superação destes através de meios inovadores deu origem à criatividade, a qual podemos definir como sendo a criação de uma atividade para alcançar um objetivo CRIAR + ATIVIDADE. A educação busca a solução de problemas como:

  • Qualidade de ensino aumento de turnos de trabalho e não adequação salarial ou atualização as novas necessidades;
  • Aumento na quantidade de alunos por sala de aula;
  • Espaço social natural da escola e utilização pela comunidade de forma produtora de saberes.



Temos um problema quando pensamos em um projeto que associe os pretendentes a agentes sociais, professores, pesquisadores, cientistas sociais e estudantes que atuarão na área da educação e a comunidade com a qual este trabalhará, quando os primeiros podem cair e recair na hierarquia paternalista ou na visão hegeliana senhor-escravo, mantendo o elitismo do qual o bom educador deve desviar-se, conforme Brandão:

“O trabalho científico que divide o mundo sobre a qual realiza a prática de conhecer para agir em dois lados opostos: o lado popular dos que são pesquisados para serem conhecidos, versus o lado científico, técnico ou profissional de quem produz o conhecimento, determina seus usos e dirige o povo, em seu próprio nome ou, com mais freqüência, no nome da pessoa para quem trabalha.” [1]

As discussões e tentativas de acerto, o embate entre a política demagógica do governo que aponta a melhoria da situação educacional brasileira, mascarando problemas gritantes que impedem o desenvolvimento desta classe que precisa, urgentemente sair do seu estado de menoridade para chegar à sua maioridade, ousando pensar, sugere talvez, a escolha de outro caminho ainda não observado. Mas há um caminho que já foi percorrido e observado pelos estudiosos educacionais.

A cultura popular em suas manifestações mais comuns, como a dança, a música (hip hop, funk, rap, samba, repente) o esporte (futebol, skate, patins). Estas manifestações podem ser contabilizadas e pensadas como instrumento de aproximação e não de dominação. Existe uma cultura paralela que mantém a estrutura da escola como lugar de convívio pela participação de organizações e grupos que precisam de um espaço para ação. Será que não poderíamos partir deste ponto como uma forma de pensar cada uma dessas manifestações filosoficamente?

Se possível, que o educador vá conhecer a comunidade a qual atua, comer o que eles comem, ouvir o que eles ouvem, dançar como eles dançam. Assim, ensinar, transformando e transformando-se. Ser professor é trocar o gabinete pelo campo, sair da passividade, da sua região de conforto e confrontar-se, para então se conformar com o sentido multi étnico da cultura. É perder-se e encontrar-se para principiar um novo perder-se e encontrar-se.





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