O OUTONO PENSA QUE VOCÊ É FOLHA
Tua silhueta descalça
na beira mais diáfana
do rio da vida,
transluze pelas ruas
uma eterna ternura
e uma imanente doçura,
ilimitada, infinita.
Amor e tempo se unem
quando você vai sorrindo.
E a transcendência
de minha alma ensolarada
fica enredada
na paz de tua luz.
E me vou por teu corpo
sem saber os caminhos.
Sem saber meu destino.
E as neves do tempo
suavemente caem
sobre tua nudez.
E penso em você
sob o sol da tarde,
e meus olhos se saturam
de uma felicidade
ardente e seca
e um caloroso desejo
se apodera de mim.
II
Como é bela a vida,
quando caem as folhas.
Como eu gosto de
pensar que você é folha,
quando caem as folhas.
E ir fazendo-te
uma cama em minha alma,
e acolher-te
igual como o chão
acolhe as folhas.
III
É outono,
o sei.
Se desfolha tua vida
em minha vida...
E você vira folha
e te cais toda,
amarela e murcha,
sem nenhuma beleza.
Somente te morres
e só porque é outono.
O outono te mata.
O outono te apaga.
O inexorável outono.
E não quero que você morra
como morrem as folhas.
Mas você vai morrendo,
e não posso fazer nada.
E meu amor se desfolha.
E você vai ficando
igual que as folhas.
E você parece uma estátua
nua e gelada
no meio do outono.
E o outono pensa
que você é folha.
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EL OTOÑO PIENSA QUE ERES HOJA
Tu silueta descalza
en la orilla más diáfana
del río de la vida,
transluce por las calles
una eterna ternura
y una inmanente dulzura,
ilimitada, infinita.
Amor y tiempo se unen
cuando vas sonriendo.
Y la trascendencia
de mi alma asoleada
se queda enredada
en la paz de tu luz.
Y me voy por tu cuerpo
sin saber los caminos.
Sin saber mi destino.
Y las nieves del tiempo
suavemente caen
sobre tu desnudes.
Y pienso en ti
bajo el sol de la tarde,
y mis ojos se saturan
de una felicidad
ardiente y seca
y un caluroso deseo
se apodera de mí.
II v
Como es bella la vida,
cuando caen las hojas.
Como me gusta
pensar que eres hoja,
cuando caen las hojas.
E ir haciéndote
una cama en mi alma,
y acogerte
igual como el suelo
alberga las hojas.
III
Es otoño,
lo sé. v
Se deshoja tu vida
en mi vida...
Y te vuelves hoja
y te caes toda,
amarilla y marchita,
sin ninguna belleza.
Solamente te mueres
y sólo porque es otoño.
El otoño te mata.
El otoño te borra.
El inexorable otoño.
Y no quiero que te mueras
como mueren las hojas.
Pero te vas muriendo,
y no puedo hacer nada.
Y mi amor se deshoja.
Y te vas quedando
igual que el follaje.
Y eres una estatua
desnuda y helada
en medio del otoño.
Y el otoño piensa
que eres hoja.
Jorge Luis Gutiérrez
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